Análise da vacina russa Sputnik está parada, diz presidente da Anvisa
Barra Torres afirmou à CPI que faltam documentos e que poucos países com estrutura sanitária madura aderiram ao produto
Brasil|Do R7
O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, afirmou nesta terça-feira (11) que a análise da liberação da vacina russa Sputnik V no Brasil está parada a espera de novos documentos que atestem sua segurança.
Em abril, a agência vetou a importação e o uso emergencial a um grupo de 10 estados que pretendiam usar o imunizante. Os técnicos apontaram falhas no desenvolvimento da vacina russa, na qualidade e na segurança do insumo.
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A decisão frustrou os planos do Consórcio do Nordeste, que fechou a compra de 37 milhões de doses. Além disso, o laboratório União Química, que pretende desenvolver a vacina no Brasil, havia protocolado pedido de uso emergencial.
"Eu peço a Deus que os desenvolvedores russos estejam com a mesma vontade de ter a vacina aprovada. Deixem o discurso de que vão processar e apresentem documentos científicos", afirmou Barra Torres nesta terça.
O diretor da Anvisa disse que agência entrou em contato com os cerca de 60 países que estariam utilizando a vacina, conforme reportagens publicadas após a negativa da Anvisa. Desse total, 23 disseram que não tinham utilizado, 20 tinham usado doses pequenas e 11 não responderam.
Ele avalia que apenas México e Argentina estão entre os países com estruturas sanitárias maduras como o Brasil e que estão usando o produto. Citou ainda dado de que, na Argentina, a vacina responde por 57% dos imunizados, mas por 92% dos eventos adversos.
A Índia, país que inclusive é fabricante de outras vacinas contra a covid-19, é um dos países que autorizaram o uso da Sputnik V. O órgão sanitário do país, porém, não respondeu aos questionamentos da Anvisa sobre o tema.
Bolsonaro
Barra Torres responde perguntas dos senadores nesta segunda semana de CPI da covid-19. Mais cedo, ele falou também que não concorda com falas polêmicas do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.