Aplicativo cria clube de "carona" para donos de avião
No Zephyrus Club, os proprietários podem oferecer poltronas livres e rachar as despesas
Brasil|Juca Guimarães, do R7
Há um mês em testes, o aplicativo Zephyrus Club está inaugurando no Brasil um novo tipo de compartilhamento do uso de aviões e helicópteros particulares.
A ideia básica é que os proprietários de aeronaves cadastrem suas viagens, e a quantidade de poltronas livres, no aplicativos para que outros membros do clube disputem uma carona. A contrapartida é a divisão das despesas do voo.
Até agora, o aplicativo já tem 11 membros cadastrados que são proprietários de quatro aeronaves. Além da redução dos custos nos voos privados em aviões e helicópteros, os criadores do Zephyrus Club apostam na oportunidade de novos negócios como atrativo para o aplicativo. É o que ressalta o empresário Rodrigo Felismino, sócio do aplicativo.
— É uma oportunidade para conhecer outros empresários, fazer uma network, e ampliar os contatos. Um voo que seria inicialmente só o proprietário e o piloto pode se transformar numa promissora conversa de negócios
No cadastro da vaga, o proprietário informa o dia, destino e horário do voo. Assim como o valor que quer receber de reembolso parcial. "Um dia o meu sócio, Luiz Gouvêa, estava indo viajar e percebeu que seis aeronaves decolaram para o mesmo destino. Cada uma apenas com o dono e o piloto. Ele notou que era um disperdício grande e teve a ideia do aplicativo", disse Felismino.
Segundo as regras do aplicativo, o proprietário da aeronave recebe de forma sigilosa os dados dos interessados em pegar a carona e decide se aceita ou não. Uma vez confirmada a carona, são enviados os dados completos do caroneiro, com idade, peso e se tem bagagem, para que seja feito plano de voo.
Atualmente, no Brasil, 16.500 aeronaves de uso privado disputam o espaço aéreo brasileiro. A hora voo custa, em média, R$ 2.500. Para quem voa muito, dar carona pode significar uma economia de até 75% nos custos.
O aplicativo está sendo lançado oficialmente hoje, na 19ª Feira Internacional de Aviação, em Maringá (PR), que vai até o dia 24. Quem quiser conhecer melhor o funcionamento do aplicativo pode fazer um cadastro virtual, mesmo não sendo dono de avião ou helicóptero. Porém, para fazer parte do clube e se candidatar às vagas oferecidas é preciso comprovar a propriedade de uma aeronave.
Outra vantagem destacada pelos criadores do aplicativo é a preservação ambiental com a redução no número de voos. Dados da ABAG (Associação Brasileira de Aviação Geral, 2015) apontam um total aproximado de 886,3 mil horas de voo dessas aeronaves no ano, levando a uma emissão média de 330,5 mil toneladas de CO2 na atmosfera. Para compensar essas emissões, seria necessário o plantio de 1,5 milhão de árvores.
O lucro do aplicativo vem da taxa de 20% sobre o valor que o caroneiro paga por meio do cartão de crédito, assim como o valor referente ao rateio das despesas do voo.
— Não existe uma relação comercial entre o proprietário da aeronave e o sócio do clube. Tanto é que a decisão de aceitar ou não o compartilhamento é do dono do avião.
"Uber aéreo"
De acordo com as regras da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), só companhias aéreas e empresas de táxi aéreo podem oferecer voos comerciais no país, incluindo os voos panorâmicos.
O uso de aeronaves (aviões e helicópteros) particulares para compartilhamento com fins comerciais está em estudo na agência. O caso é visto como um novo modelo de negócio pela agência que "a princípio, não vê irregularidade na oferta feita por meio de aplicativo, desde que o serviço seja feito por empresas de táxi aéreo.
A polêmica é similiar ao embate entre os motoristas de táxis e os parceiros do aplicativo Uber em relação ao transporte de passageiros nas principais cidades do país.