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Após vazamento, Flávio entra no Conselho de Ética contra Kajuru

Senador gravou conversa com presidente Jair Bolsonaro e a divulgou nas redes sociais. Flávio considerou atitude "desleal"

Brasil|Do R7

Senadores Flávio Bolsonaro e Jorge Kajuru durante sessão de posse dos novos senadores, em 2019
Senadores Flávio Bolsonaro e Jorge Kajuru durante sessão de posse dos novos senadores, em 2019

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entrou nesta segunda-feira (12) com representação contra o colega Jorge Kajuru (Cidadania-GO) no Conselho de Ética pelo vazamento e divulgação da ligação entre o parlamentar com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), onde os dois conversaram sobre a CPI da Covid e o impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Em relação a gravação, o presidente e Kajuru têm diferentes versões, sendo que o senador afirma que o Bolsonaro sabia que seria gravado, enquanto o mandatário se disse "traído".

No pedido, o filho do presidente critica a atitude de Kajuru de gravar e divulgar a conversa, o que considerou "desleal". "Quis o senador da República Jorge Kajuru, de modo flagrantemente incompatível com o decoro parlamentar, e até desleal, angariar dividendos políticos expondo o diálogo com o Presidente da República, hipertrofiando, ao fim e ao cabo, ainda mais o clima de tensão institucional", escreveu.

Flávio ainda reconhece no documento que a gravação e divulgação de ligações telefônicas por um dos participantes da conversa não são reconhecidas no Código Penal como crime, mas que a atitude é "censurável" e viola o artigo da Constituição que garante sigilo em comunicações telefônicas, a não ser no caso de ordens judiciais. 


Na gravação (veja o vídeo abaixo), Kajuru cobra o presidente sobre entrevistas onde ele teria atacado senadores depois da determinação para que CPI seja instalada. "Eu só não quero que o senhor me coloque no mesmo joio. Nas suas entrevistas, o senhor coloca como se todos nós fossêmos iguais, isso não é certo", reclama.

Bolsonaro responde pedindo ao senador para ampliar a CPI da Covid para apurar também a conduta de prefeitos e governadores no combate à pandemia. "Se não mudar a amplitude, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana. Tem que fazer do limão uma limonada. Por enquanto, é um limão que tá aí. Dá para ser uma limonada", afirmou.


Na conversa, o presidente ainda encoraja Kajuru para ingressar com pedidos de impeachment contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). "Tem de peticionar o Supremo para colocar em pauta o impeachment [de ministros] também. [...] Sabe o que eu acho que vai acontecer, eles vão recuperar tudo. Não tem CPI, não tem investigação de ninguém do Supremo", acrescentou.

Logo após a ligação, Kajuru apresentou também nesta segunda (12) uma petição ao Supremo para que o tribunal aprecie com urgência o pedido que obrigará o Senado a abrir um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do mesmo modo que ocorreu com a instalação da CPI.


Na semana passada, depois de pedido de Kajuru e do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), o ministro do STF, Luís Barroso, determinou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instale a CPI, já que esta cumpria todos os requisitos para ser aberta e estava sendo atrasada por Pacheco. 

O ministro Nunes Marques foi sorteado relator da ação pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Ao Supremo, Kajuru alega que Pacheco tem sido ‘omisso’ em relação ao pedido de impeachment apresentado após o ministro determinar a prisão em flagrante do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), detido em fevereiro após divulgar vídeos com ameaças e pedindo a destituição de ministros do STF.

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