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Associação prevê aumento de 366% da carga tributária sem desoneração

Medida inclui 17 setores da economia que podem perder o benefício fiscal, caso veto do presidente Jair Bolsonaro não seja derrubado

Brasil|Do R7

Setor de call center será um dos afetados pelo fim da desoneração
Setor de call center será um dos afetados pelo fim da desoneração

As empresas devem sofrer um aumento da carga tributária em até 366% com o fim da desoneração da folha de pagamento. A estimativa é da ABT (Associação Brasileira de Telesserviços), que faz parte dos 17 setores da economia, com 6,5 milhões de trabalhadores, que podem perder o benefício fiscal, caso o veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação do incentivo não seja derrubado. A votação está prevista para o dia 4 de novembro, no Congresso Nacional.

Leia também: Entenda o que está em jogo na votação sobre veto à desoneração

"No momento em que o país tenta retomar a economia, com mais de 13 milhões de desempregados, a medida pode aumentar o desemprego em mais de 1,5 milhão, só em 17 setores. Esta é a razão básica pela qual nós devemos lutar para que seja derrubado o veto presidencial contra a desoneração da folha", afirma John Anthony von Christian, presidente da ABT. 

A medida, adotada em 2011, permite que empresas possam contribuir com um percentual que varia de 1% a 4,5% sobre o faturamento bruto, em vez de 20% sobre a remuneração dos funcionários para a Previdência Social.


Com isso, os setores com elevado grau de mão de obra pagam menos aos cofres públicos. O incentivo foi criado para estimular a contratação de funcionários e beneficia companhias de call center, construção civil, tecnologia, alimentos, comunicação, transportes e indústrias têxtil, de calçados e máquinas, entre outras. 

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Uma extensão dessa medida, que acabaria em dezembro, foi aprovada por mais um ano e incluída na MP 936. Mas o presidente rejeitou essa decisão.


"Quanto mais você contrata, mais imposto vai pagar. Isso prejudica muito os setores que mais empregam as pessoas. Nossas empresas terão que repassar o valor novo na fatura dos nossos contratantes, e será que eles vão querer pagar isso ou vão pedir para substituir um operador por inteligência artificial para atender ligação e fazer ligação?", questiona o presidente da ABT.

No setor de call center, por exemplo, a folha de pagamento representa cerca de 70% dos custos. A estimativa é que as empresas devem sofrer um aumento da carga tributária de até 366%, ou o equivalente a 11% da receita bruta, levando em conta o cenário de uma companhia com receita bruta mensal de R$ 1 milhão.


Só a ABT representa 23 empresas que congregam mais de 400 mil empregados. Christian explica que durante a pandemia houve até um crescimento de 20% nas contratações por causa do serviço de home office.

Para ele, o fim da desoneração pode provocar um caos social. "O governo vai ter custo para pagar o seguro-desemprego, vai haver perda de arrecadação e as pessoas vão deixar de consumir. Menos a economia gira, menos impostos serão arrecadados e, por outro lado, aumenta também a criminalidade. Imagina o caos social que você gera com oneração da folha? E essa é a nossa preocupação do setor, tanto de empregados com de empregadores e dos movimentos sindicais. Todos estão unidos para preservar os empregos", afirma.

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