Auditor descarta supernotificação de mortes por covid no país
Servidor do TCU disse à CPI da Covid que o presidente Bolsonaro recebeu papel sem qualquer identificação do tribunal
Brasil|Do R7
O auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques afirmou à CPI da Covidnesta terça-feira (17) que jamais afirmou que havia supernotificação de mortes por covid-19 no país. "Em nenhum momento falei que isso ocorreu, apenas estimulei o debate dentro do órgão em que trabalho.
Bolsonaro diz que TCU põe em dúvida 50% das mortes por covid
Segundo ele, após essa discussão no TCU, "o assunto foi encerrado". "Consideramos que seria impossível haver um conluio para supernotificar mortes por covid", reforçou.
Marques, ouvido nesta terça-feira, contou que enviou a seu pai apenas um resumo do texto que apontaria supernotificação de mortes por covid-19 no ano passado. "Fiz um levantamento com dados oficiais na internet, mas não cheguei a qualquer conclusão. Levei o assunto para o TCU e lá consideramos não ter ocorrido qualquer adulteração nos dados de óbitos.
O envio do resumo a seu pai teria se dado no dia 6 de junho. No dia seguinte, Bolsonaro citou essas informações preliminares como um estudo oficial.
Ele disse que apresentou os dados em um arquivo no formato word dia 31 de maio a outros integrantes do TCU e na mesma data o assunto foi deixado de lado.
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O auditor confirmou ainda a informação dada em investigação interna do órgão de que seu suposto estudo sobre mortes na covid-19 foi alterado após chegar às mãos do presidente Jair Bolsonaro. "Não tinha qualquer menção ao Tribunal de Contas da União. Mas o documento que circulou nas redes sociais era outro."
Ao ser questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) se houve falsificação após o documento chegar à Presidência, ele disse que sim, mas não atribuiu essa manipulação à Presidência. Em sua opinião, qualquer pessoa poderia ser responsável por adulterar o documento que circulou em formato PDF nas redes sociais.
"Eu não sei qual foi o documento que o presidente usou", contou Alexandre Marques.
O auditor reiterou que o discurso do presidente Bolsonaro foi "irresponsável" ao atribuir ao TCU esse documento.
"Não era um relatório do TCU, era apenas um resumo em word. O material foi usado indevidamente pelo fato de se atribuir ao Tribunal de Contas da União um arquivo que não era conclusivo", declarou, em referência ao uso que fez do estudo o presidente da República Jair Bolsonaro.
O texto foi usado pelo presidente Jair Bolsonaro em junho em conversa com apoiadores em Brasília. Segundo ele, os apontamentos eram, na verdade, um estudo preliminar do TCU que mostraria que somente 50% das mortes haviam ocorrido por causa da infecção pelo coronavírus.
Pouco depois o presidente teve que admitir que não era um estudo do TCU, mas sim apontamentos de um de seus auditores. Mesmo assim, o presidente continuou repetindo que havia dúvidas sobre a veracidade do diagnóstico de covid em muitos dos óbitos registrados no país.