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BC eleva taxa de juros a 3,5% na tentativa de barrar inflação

Para o Copom, as dúvidas sobre a continuidade das reformas e o ajuste das contas públicas podem elevar ainda mais a Selic

Brasil|Márcia Rodrigues, do R7

Selic sofreu alta de 0,75 ponto percentual
Selic sofreu alta de 0,75 ponto percentual

A taxa básica de juros da economia subiu de 2,75% para 3,5% ao ano pela segunda vez consecutiva, de acordo com decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), divulgada no início da noite desta quarta-feira (5).

Analistas de mercados já aguardavam a elevação de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros e esperam um aumento gradual ao longo de 2021. A expectativa dos especialistas é de que a Selic feche o ano a 5,5% ao ano.

Até março, a taxa básica de juros vinha registrando uma série de quedas desde julho de 2015 e a sequência de reduções consecutivas desde julho de 2019, chegando ao menor patamar da história.

A alta da inflação e as incertezas da economia por causa das crises financeira e sanitária geradas pela pandemia de coronavírus pesaram na decisão do Copom para elevar a Selic.


No boletim divulgado após a reunião, o Comitê destacou que novos prolongamentos das políticas fiscais em resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem pressionar ainda mais os prêmios de risco do país.

A nota também destacou que "o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária".


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O Copom também reiterou que insistir nas reformas e ajustes na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável do país.

O Comitê ressaltou, ainda, que as dúvidas sobre a continuidade das reformas e nos ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.


Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, com a decisão do Copom o BC mostrou-se austero com o avanço da inflação e a perspectiva de que isso continue assim, mas manteve a sinalização de normalização parcial do juro, o que significa que o BCB não deverá elevar o juro para além do seu patamar neutro.

Hoje, de acordo com Sanchez, estimado pela autoridade ao entre 6,0% e 6,5%, mantendo “algum estímulo monetário ao longo do processo de recuperação econômica”.

"Por enquanto ainda mantemos a avaliação que o BC deverá elevar a Selic em 0,75 ponto percentual nas próximas duas reuniões do comitê, conduzindo a taxa básica de juro para 5% antes do término desse ano. Tal patamar deverá ser sustentado ao até o último trimestre de 2022 segundo nossa perspectiva, quando será conduzido à 6%, juro neutro nominal estimado na casa", diz Sanchez.

Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos, acredita que a decisão está relacionada ao atual cenário nacional e alinhada às expectativas de inflação.

Ela também acredita que o Copom dará continuidade à elevação da Selic nas próximas reuniões.

Período não é o ideal para aumento

Apesar de já esperar a alta de 0,75 ponto percentual, o economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE, diz que o período não é o ideal para elevar a taxa básica de juros.

É estranho elevar a taxa num momento que a economia está patinando%2C está ruim. Existem outros mecanismos que vão pontualmente em setores estratégicos estimulando a concorrência e forçando a redução de preços.

(André Braz)

O economista cita dois exemplos:

Desonerar a importação para algum setor específico poder equipar melhor a indústria nacional e forçar queda de preço;

Aumentar a carga de impostos de setores que têm monopólio como forma de punição.

“Temos mecanismos e acessórios não tão potentes quanto a Selic, mas para conter o aumento inflacionário que não vem de demanda, mas de custos, estão apostando muito na taxa básica de juros”, pontua.

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