Bendine tinha passagem só de ida para Lisboa, diz MPF
Para procuradores, bilhete indica intenção de fuga
Brasil|Mariana Londres, do R7, em Brasília
Ciente do avanço das investigações, o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine comprou uma passagem só de ida para Lisboa. A viagem estava marcada para o dia 28 de julho, esta sexta. Para o Ministério Público Federal, autor do pedido de prisão, a compra do bilhete indica a inteção de fuga já que a passagem de volta não foi localizada nas investigações.
Em seu despacho, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, acata os argumentos do Ministério Público para justificar a prisão. Ele ressalta ainda que a operação deve ser feita antes do dia 28.
— Segundo o MPF, não foi identificada a aquisição de passagem de retorno, o que é um indicativo de possível fuga e, portanto, risco à aplicação da lei penal.
Aldemir Bendine foi preso temporariamente nesta quinta-feira (27) em Sorocaba (SP) na 42ª fase da Lava Jato, denominada Operação Cobra, acusado de ter pedido propina de R$ 20 milhões para a Odebrecht quando a Lava Jato já estava em curso há mais de um ano. De acordo com as investigações, Bendine recebeu R$ 3 milhões da empreiteira em 2015. Em 2017, tentou pagar impostos sobre os valores alegando ter prestado serviço de consultoria.
Para a PF, a tentativa de recolher os impostos apenas neste ano de um pagamento sem contrato indica a tentativa de dar aparência legal ao negócio ilícito. Bendine já está a caminho de Curitiba (PR).
Bendine tem cidadania italiana. Uma possível fuga à Itália levaria ainda a uma dificuldade de extradição, como aconteceu com o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão. Pizzolta fugiu para a Itália em 2013 pelo Paraguai usando o documento de um irmão, já falecido. Foi preso na Itália no início de 2014 e só foi extraditado quase dois anos depois.