Bolsas, sapatos e roupas. Saiba em quais lojas mulher de Cunha torrou milhões de dólares
Claudia Cruz foi denunciada por ter sido beneficiada em esquema de corrupção na Petrobras
Brasil|Fernando Mellis, do R7
A dona de casa Claudia Cruz, mulher do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a ser o centro das atenções nesta quinta-feira (9), ao se tornar, assim como o marido, ré na Operação Lava Jato. Mais uma vez o histórico de gastos da senhora Cunha “incompatíveis com a renda declarada” pelo casal, segundo o MPF (Ministério Público Federal), merece destaque.
Com extratos de cartões de crédito fornecidos por autoridades da Suíça, onde Claudia e o marido possuíam contas bancárias supostamente irrigadas com dinheiro de corrupção, os investigadores mostraram um pequeno histórico de compras dela.
“Entre 20/01/2008 e 2/04/2015, por inúmeras vezes, dentre outros locais em lojas de artigos de luxo localizadas nas cidades de Nova Iorque, Miami, Orlando, Barcelona, Zurique, Paris, Roma, Lisboa e Dubai, a denunciada Claudia Cordeiro Cruz, dolosamente, utilizando-se de valores de propina recebidos na conta suíça Köpek (em que a denunciada Claudia Cruz era beneficiária final), converteu em ativos de aparência lícita consistentes em bens e serviços, incluindo artigos de grife como ternos, bolsas, sapatos e roupas femininas”, diz um trecho da denúncia feita pela força-tarefa da Lava Jato.
Claudia Cruz esteve em Paris em janeiro de 2014. Em apenas dois dias, torrou US$ 17.483,84 (algo como R$ 60 mil na cotação atual do dólar), nas lojas da Chanel, Christian Dior, Charvet Place Vendôme e Balenciaga. Dois meses depois, voltou à Europa, e lá se foram mais US$ 8.034,32 (hoje, mais de R$ 27 mil), nas lojas da Prada (Roma) e da Louis Vuitton (Lisboa).
Em abril daquele, mais US$ 3.799,03 em uma loja da Chanel em Dubai. O cartão de crédito dela foi usado naquela viagem para pagar a hospedagem em um dos melhores hoteis do mundo, o Burj al Arab, sete estrelas. A estadia custou US$ 5.927,23 (cerca de R$ 20 mil).
A mulher de Cunha voltou a gastar no cartão de crédito em lojas de grife fora do País em 2015. No mês de fevereiro, foi às compras na capital francesa e desembolsou US$ 14.714,73 (hoje, mais de R$ 50 mil), em butiques, como Hermès, Chanel e Louis Vuitton.
Não foram apenas com compras que Cunha, a mulher e os filhos gastaram dinheiro desviado da Petrobras, segundo o MPF. “Somente entre o início de 2013 e fevereiro de 2015, a família de Eduardo Cunha viajou nove vezes ao exterior para destinos Nova York (duas vezes), Miami, Orlando, Barcelona, Zurique, Paris (três vezes), Roma, Lisboa, São Petersburgo e Dubai, período no qual os gastos de cartão de crédito internacional totalizaram USD 526.760,93”, acrescenta a denúncia.
As investigações apuraram até agora que Cunha mantinha ativas pelo menos duas contas em bancos suíços, que foram usadas para receber propina de contratos da Petrobras em Benin (África). Dessas contas, ele repassou recursos para outra, em nome da mulher. Segundo laudo, houve “um incremento de 106% do volume de gastos do referido cartão de crédito” após as contas do parlamentar receberem dinheiro.
"Nessa linha, as despesas de cartão de crédito no exterior no montante superior a USD 1 milhão no prazo de sete anos pagas por Claudia Cruz foram totalmente incompatíveis com a renda e o patrimônio declarado de Eduardo Cunha, que na DIRF 2015 ano-base 2014 declarou auferir rendimentos totais naquele ano de R$ 320.677,56 e patrimônio total no valor de R$ 1.538.718,96 e com o de Claudia Cruz que declarou ter recebido no mesmo ano R$ 76.711,20 por serviços prestados para pessoas físicas e patrimônio de R$ 3.708.835,38", explica o Ministério Público.