Bolsonaro diz que mudança em dados da covid-19 será explicada
Presidente afirmou acreditar que a população adotará contagem como correta e destacou anúncio da OMS sobre transmissão por assintomáticos
Brasil|Do R7
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira (9), que tem certeza de que a população vai considerar os dados divulgados pelo Ministério da Saúde como corretos e que a mudança na divulgação dos números sobre a covid-19 será explicada.
O presidente coordena hoje a 34ª Reunião do Conselho de Governo ao lado de ministros e abriu o encontro para transmissão ao vivo da televisão pública (TV Brasil).
"Tudo o que foi falado nos últimos dias será explicado e tenho certeza de que a população adotará como precisa essa contagem dos números sobre o coronavírus", afirmou. O presidente desejou "boa sorte" ao ministro interino, Eduardo Pazuello, que vai falar sobre o assunto nesta tarde.
De acordo com o presidente, os dados sobre a doença são essenciais para conseguir "mais garantia e a certeza de como proceder em cada região do país".
Na quinta-feira (4), o Ministério da Saúde informou que divulgaria apenas os dados das últimas 24 horas e quantidade de pacientes recuperados da doença, sem considerar o total de casos no país. No entanto, a pasta voltou atrás.
Até o boletim divulgado na segunda (8), o Brasil tinha 37.134 mortes e 707.412 casos confirmados da covid-19, sendo notificados 679 óbitos e 15.654 novos infectados nas últimas 24 horas.
Transmissão do coronavírus
Na noite de segunda-feira (8), a chefe da unidade de doenças emergentes da OMS (Organização Mundial da Saúde), Maria Van Kerkhove, classificou como extramemente "rara" a propagação do novo coronavírus por meio de pacientes assintomáticos.
Bolsonaro disse esperar que, hoje, a grande mídia, "levando-se em conta a isenção e o compromisso da imprensa brasileira com a verdade acima de tudo", dê destaque para o assunto. "De forma não comprovada ainda, como nada é comprovado na questão do coronavírus, mas que a transmissão por parte de assintomáticos é praticamente zero. Isso vai dar muito debate e muitas lições serão tomadas", disse.
Para o presidente, a notícia é importante para a retomada da economia no Brasil. "Isso pode sinalizar uma abertura mais rápida do comércio e a extinção das medidas restritivas", afirmou. O presidente voltou a falar que as normas de isolamento social foram determinadas por prefeitos e governadores por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que garantiu autonomia a eles. "O governo federal não tem qualquer ingerência nessas medidas restritivas", enfatizou.
Por causa da afirmação da OMS, Bolsonaro disse que "o governo federal espera algo de concreto nas próximas horas ou nos próximos dias e será muito bom, não apenas para o Brasil, mas para o mundo todo". Para ele, a declaração da OMS pode começar a "dissipar o pânico" a respeito da doença.
Bolsonaro afirmou que a organização tem tido "algumas posições antagônicas", citando o exemplo da hidroxicloroquina. Segundo o presidente, os testes com o medicamento continuam sendo realizados no Brasil e, mesmo que não haja comprovação científica do uso do remédio no tratamento da covid-19, diz que relatos de médicos e infectados apontam a eficácia.
"A OMS vai, com toda certeza, falar sobre suas posições adotadas nos últimos meses que levou muita gente a segui-la de forma quase cega", afirmou. O presidente lamentou as mortes pela covid-19.
Ao final da reunião, Bolsonaro afirmou que "economia é vida" e que "não adianta você dizer que pode viver feliz para sempre trancado dentro de casa, porque é uma utopia". O presidente disse que o governo federal preza pela transparência e que não tem "medo da verdade".