Bolsonaro, Guedes e empresários fazem audiência com Toffoli no STF
Comitiva com o presidente, ministros e representantes da indústria foi caminhando até o Supremo. Empresários falaram sobre crise do setor
Brasil|Márcio Pinho, do R7
O presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e empresários da indústria caminharam juntos até a sede do STF (Supremo Tribunal Federal) na manhã desta quinta-feira (7) para uma audiência com o presidente da Corte, o ministro Dias Toffoli.
O encontro não estava na agenda das autoridades e foi marcado de última hora, após um contato telefônico entre Bolsonaro e Toffoli quando o presidente se reunia com os industriais.
Os empresários, entre eles representantes de setores como cimento, elétrica, calçados, têxtil e construção, entre outros, falaram no STF sobre o impacto da crise no setor e sobre o risco de falências e eliminação de empregos caso a situação se prolongue. Diferentemente do comércio e serviços, as indústrias de forma geral não foram proibidas de operar, mas temem fechar de vez com decretações de lockdown por autoridades locais. Os empresários falaram ainda sobre protocolos de saúde desenvolvidos e que permitem o trabalho nas fábricas com segurança.
A visita ao STF se deu num contexto de tensão crescente entre os poderes. Em abril, o STF garantiu autonomia a prefeitos e governadores para determinarem medidas para o enfrentamento ao coronavírus, o que contrariou Bolsonaro, que já lamentou em diferentes oportunidades não poder intervir nas quarentenas para promover uma maior liberação das atividades econômicas. Depois disso, o presidente também lamentou decisão que impediu a nomeação do delegado Alexandre Ramagempara chefiar a Polícia Federal. No domingo (3), Bolsonaro afirmou em manifestação que indicaria na segunda (4) um novo nome e que "não há mais conversa" e que faria "cumprir a Constituição".
No encontro dessa quinta, Bolsonaro disse que assinará um decreto para ampliar a quantidade de atividades essenciais em meio à pandemia do novo coronavírus. O presidente afirmou que "economia é vida". Um país onde a economia não anda, a expectativa de vida vai lá pra baixo. O IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] também".
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O presidente afirmou que a paralisação das atividades coloca em risco não apenas a economia, mas também a segurança dos brasileiros, uma vez que o aumento da pobreza poderia levar a saques em supermercados e a outras manifestações violentas.
"Não podemos perder a liberdade no Brasil" disse. "O auxílio está mantendo a população numa situação de equilíbrio, da razão em cima da emoção", afirmou. "Estamos preocupados com a vida, sim. Mas a questão do emprego, da economia, isso também é vida", concluiu.
A visita foi transmitida por Bolsonaro ao vivo em sua página no Facebook.
Guedes
O ministro Paulo Guedes afirmou que o governo conseguiu realizar medidas para preservar 5 milhões de empregos formais, caso do benefício emergencial para pessoas com contrato suspenso ou jornada e salário reduzidos. Disse, no entanto, que talvez isso não seja suficiente.
"Quando a indústria nos passou esse quadro, estamos sempre em contato, sempre disseram que conseguiram preservar os sinais vitais. Mas agora nos disseram que está difícil. A economia está começando a colapsar. Não queremos virar a Venezuela e nem a Argentina", acrescentou.
Toffoli
O ministro Dias Toffoli falou por último e disse que, na interpretação dele, governo e empresários levaram ao STF necessidade de planejamento para retomada da atividade econômica. Segundo ele, é preciso coordenação, por meio do governo federal, em diálogo com poderes, estados e municípios.
Segundo Toffoli, desde a declaração de pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o país "conseguiu conduzir muito bem essa siuação". "Os ministérios funcionaram, as medidas que o goveno editou, que o congressou aprovou, foram importantes para que o país não entrasse nessa situação de calamidade pública", disse o presidente do Supremo.
Toffoli afirmou considerar "fundamental o diálogo" para que a retomada possa ser planejada.
Veja abaixo a lista completa de empresários que se reuníram com Bolsonaro no Palácio do Planalto nesta quinta de forma presencial ou por videoconferência:
- Antonio Sérgio Martins Mello, Vice-Presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores);
- Ciro Marino, Presidente-Executivo da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM)
- Elizabeth de Carvalhaes, Presidente Executiva da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa)
- Fernando Valente Pimentel, Presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção)
- Haroldo Ferreira, Presidente-Executivo da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados)
- Humberto Barbato, Presidente Executivo da Abinee (Associação Brasileira Indústria Elétrica Eletrônica)
- José Carlos Rodrigues Martins, Presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
- José Ricardo Roriz Coelho, Presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico)
- José Jorge do Nascimento Júnior, Presidente-Executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos
- José Velloso Dias Cardoso, Presidente-Executivo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos)
- José Augusto de Castro, Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) (videoconferência)
- Paulo Camillo Penna, Presidente da ABPC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento Portland)
- Reginaldo Arcuri, Presidente-Executivo do Grupo FarmaBrasil
- Synésio Batista da Costa, Presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos)