O advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, disse nesta terça-feira (30) no túnel do tempo do Senado Federal, que se sente injustiçado com o julgamento do impeachment. Esse sentimento de injustiça explica, segundo ele, ter caído no choro na manhã logo após deixar o plenário depois da última defesa da presidente no processo.
— São duas injustiças: uma pessoal com ela. Eu não aceito alguém falar que vai condenar uma pessoa para defender os netos dessa pessoa. A outra questão é da injustiça mesmo. Eu comecei a estudar Direito na Ditadura Militar. Então tudo isso é muito surpreendente para mim. Junta injustiça a democracia e a uma pessoa que você respeita, acaba se somando, e a emoção vem.
O advogado, que foi ministro da Justiça durante cinco anos, explicou que esta não foi a única vez em que ele chorou durante a sua carreira.
— Este não foi o único momento em que chorei na minha carreira. [Outra ocasião] foi quando eu estava em uma reintegração de posse e eu estava com a razão. Era uma favela e naquele momento também eu não escondi a minha emoção porque a decisão da Justiça foi muito arbitrária.
Cardozo fez questão de reiterar que ele e os senadores contrários ao impeachment estão lutando pelo que acreditam.
— No fundo é muito importante que se saiba que não estamos representando. Estamos lutando pelo que é justo. Sempre lutei por aquilo que eu acredito. É uma causa muito maior do que você pode imaginar.
Sem dizer textualmente que não acredita numa reversão do afastamento definitivo da presidente, Cardozo falou de seus planos após o fim do julgamento. O ex-ministro vai aguardar o final de se sua quarentena e depois disso vai advogar. Estudar em Salamanca, na Espanha, também está nos planos.