Carta de Putin para a cúpula árabe gera forte ataque da Arábia Saudita
Brasil|Do R7
Por Yara Bayoumy e Mahmoud Mourad
SHARM EL-SHEIKH, Egito (Reuters) - A Arábia Saudita acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de hipocrisia, no domingo, dizendo durante uma reunião de cúpula dos países árabes, que ele não deveria expressar seu apoio ao Oriente Médio ao mesmo tempo em que gera instabilidade ao apoiar o líder sírio, Bashar al-Assad.
Em uma atitude surpreendente, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, anunciou que uma carta de Putin seria lida durante a reunião no Egito, onde líderes árabes discutiam sobre uma série de crises regionais, incluindo os conflitos na Síria, Iêmen e Líbia.
"Nós apoiamos as aspirações dos árabes para um futuro próspero e para a resolução de todos os problemas que o mundo árabe enfrenta, através de meios pacíficos, sem qualquer interferência externa", disse Putin, na carta.
Seus comentários desencadearam um forte ataque do ministro das relações exteriores saudita, príncipe Saud al-Faisal.
"Ele fala sobre os problemas no Oriente Médio como se a Rússia não estivesse influenciando esses problemas", disse ele à cúpula, logo depois que a carta foi lida.
As relações entre Arábia Saudita e a Rússia têm estado frias, devido ao apoio de Moscou ao presidente Assad, a quem Riad se opõe. A guerra civil entre as forças de Assad e os rebeldes, já custou mais de 200 mil vidas em quatro anos.
"Eles falam sobre as tragédias na Síria enquanto eles são parte essencial das tragédias que atingem o povo sírio, ao armar o regime sírio muito acima e além do que ele precisa para lutar contra o seu próprio povo", disse o príncipe Saud.
"Espero que o presidente russo corrija isso, para que as relações do mundo árabe com a Rússia possam ficar num melhor nível."
A reprovação saudita pode ter deixado o Egito, anfitrião da reunião de cúpula, numa posição desconfortável, já que o país depende fortemente do apoio de bilhões de dólares da Arábia Saudita e de outros aliados árabes do Golfo, mas também melhorou sua ligação com Moscou.
Em fevereiro, Putin foi muito bem recebido no Egito, sinalizando uma reaproximação.