Caso Monark manda recado para o mercado publicitário
Marcas estão sendo expostas de forma perigosa baseadas na multidão de seguidores de influenciadores despreparados
Brasil|Marco Antônio Araújo, Do R7
A internet criou os influenciadores digitais. O ser humano foi lá, fez um monte de coisa boba, divertida e despretensiosa. O pessoal todo gostou. Mas a natureza é complexa, e logo as redes sociais se tornaram o ambiente ideal para todo e qualquer aventureiro se arriscar a colher uns trocados sem muito esforço mental, bastando destilar opiniões, bobagens e atrocidades.
Nesse mundo, o que vale é se você tem milhões de seguidores fiéis. O conteúdo pouco importa se a audiência está garantida. E se aventuram a expor suas marcas e produtos em pleno caos.
O caso Monark veio dar uma lição para além da falta de estudo, leitura e preparo intelectual de muitos desses jovens carismáticos que às vezes se reúnem em bando e alcançam a fama e multidões.
Lidar com informação é um trabalho árduo. Formar opinião é de tamanha responsabidade que, temos visto, encontra amparo e limites em muitos pontos da Constituição. Comunicação não é brincadeira nem coisa para amadores.
Os veículos tradicionais de mídia precisam de profissionais, técnicos, equipamentos, tecnologia e profundo compromisso com seus públicos. É um aparato caríssimo, uma das bases da democracia. Não há lugar nesse ambiente para que, por exemplo, uma deputada federal tenha de debater o nazismo com um rapaz bêbado.
As marcas que abandonaram o barco do Flow estão involuntariamente colaborando para que o mercado publicitário não fique mais a reboque de cancelamentos. Eles conhecem o caminho. E sabem que pedir desculpa não adianta muito quando o estrago já está feito.