"Começou", diz Janot sobre prisão de ex-assessor de Michel Temer
Ex-procurador geral da República comentou sobre a ação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (29) que prendeu José Yunes
Brasil|Plínio Aguiar, do R7
O ex-assessor do presidente Michel Temer (PMDB) José Yunes foi preso na manhã desta quinta-feira (29) pela Polícia Federal em São Paulo. Sobre a prisão, o ex-procurador geral da República Rodrigo Janot escreveu em seu twitter: "Começou? Acho que sim".
Em julho do ano passado, Janot defendeu em parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) permaneça preso, além de destacar que o ex-deputado tentou intimidar o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-assessor Yunes.
"O ora recorrente se valeu do processo penal para intimidar e exercer pressão sobre a figura do Presidente da República", argumentou Janot.
"Insinuar a existência de relação entre Michel Temer e José Yunes [advogado e amigo do presidente], bem como sugerir que este último teria intermediado financiamento — oficial ou não declarado — de campanhas do atual chefe do Poder Executivo Federal ou de sua legenda eleitoral, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o que não tem instrumentalidade alguma à defesa de Eduardo Cunha no caso", criticou.
Prisão
A prisão foi determinada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso. A ordem de prisão temporária determina que Yunes fique preso por cinco dias.
O advogado de José Yunes, José Luis Oliveira Lima, afirma que a prisão do ex-assessor é "inaceitável".
— É inaceitável a prisão de um advogado com mais de cinquenta anos de advocacia e vida pública e que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu à todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania.
Procurada pelo R7, a assessoria da PF afirmou, por determinação do STF, que não vai se manifestar sobre a prisão.
Yunes é citado no inquérito do decreto dos Portos, que apura a edição de um decreto que teria beneficiado empresas do setor de portos.
Em dezembro de 2016, Yunes pediu demissão ao cargo de assessor de Temer após ser citado na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. O ex-assessor foi acusado de receber recursos em seu escritório de advocacia em São Paulo, em 2014.
José Yunes é amigo pessoal de Temer.