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Covas diz que falas do governo atrapalham entregas da China

Diretor do Butantan afirmou também que ordem de Bolsonaro contra a vacina interrompeu negociações com Ministério da Saúde

Brasil|Do R7

Covas falou que ordem de Bolsonaro parou acordo
Covas falou que ordem de Bolsonaro parou acordo

O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (27), à CPI da Covid, que o Ministério da Saúde interrompeu as negociações com o instituto paulista, em outubro do ano passado, após o presidente Jair Bolsonaro declarar que não compraria a vacina, desenvolvida ao lado do laboratório chinês Sinovac.

Segundo Dimas Covas, as falas de integrantes do governo federal prejudicaram o desenvolvimento do imunizante no país e, posteriormente, a entrega de remessas de insumos da China.

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Covas afirmou também que o governo federal jamais investiu no desenvolvimento da vacina CoronaVac, ao contrário do que fez com o imunizante de Oxford e da AstraZeneca.


"Pela medida provisória, o valor é de R$ 1,9 bilhão [à vacina de Oxford]", disse o diretor do instituto.

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"Eu uso a seguinte figura. Nós temos 100 vizinhos, 99 são cordiais, nos tratam bem, nos convidam para ir na casa deles. E um é o mal comportado, sempre tem uma observação a fazer. Na festa de fim de ano, você vai chamar aquele ou os outros 99?"


Ele explicou que "a China hoje é o maior exportador de imunizantes para covid no mundo, e 30% das vacinas que ela já produz manda para outros países". 

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), colocou um vídeo no qual, no fim de outubro, Bolsonaro manda um recado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), dizendo que "ninguém vai tomar a sua vacina na marra, não, tá ok, procura outro para pagar a tua vacina".


Dimas Covas confirmou, na sequência, que a declaração do presidente interrompeu a negociação com o ministério.

"Isso mudou a perspectiva no próprio ministério. Todas as negociações que haviam, com trocas de equipes técnicas, trocas de domcumentos, a partir desse momento foram suspensas."

Ele contou que um dia antes a pasta assumiu um compromisso de negociação, que ficou suspenso e só foi concretizado em 7 de janeiro.

O diretor do Butantan declarou que as primeiras doses da CoronaVac em solo nacional chegaram em novembro de 2020.

"O contrato com a outra vacina, da AstraZeneca, foi feito em agosto. Essa [CoronaVac], apesar de já estar em solo brasileiro, foi fechada em janeiro [de 2021], seis meses depois."

Ao responder a declaração do relator da CPI, que citou que em um só dia, 18 de agosto de 2020, o Brasil descartou 130 milhões de doses (60 milhões da CoronaVac e 70 milhões da Pfizer), Dimas Covas citou que houve um erro claro do governo federal. 

"Eu, como médico e cientista, sempre estive convencido da importância da vacina."

O depoente relatou ainda que o Butantan recebeu um tratamento que o deixou decepcionado. "Questionar o Butantan é questionar a saúde pública do Brasil. Essa campanha desqualificando a vacina e o instituto, sem dúvida nenhuma trouxe prejuízos à imagem do Butantan. Logicamente, quando começou a vacinação, essa imagem mudou muito."

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