CPI: assessor de Pazuello diz que Teich o convidou para o ministério
Airton Cascavel disse que aceitou cargo em maio de 2020, mas só foi nomeado no fim de junho por dificuldades burocráticas
Brasil|Do R7
A CPI da Covid ouve nesta quinta-feira (5) o depoimento do empresário Airton Antônio Soligo, amigo e homem de confiança do ex-ministro Eduardo Pazuello.
Segundo as investigações da comissão, Airton Cascavel, como é mais conhecido, teria atuado informalmente durante meses no Ministério da Saúde, sem ter vínculo com o setor público.
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Ele explicou que o minsitro Nelson Teich o chamou para ser seu assessor em 12 de maio de 2020, mas caiu três dias depois de chamá-lo. Pazuello manteve o convite, mas problemas burocráticos da pasta atrasou sua nomeação, que só ocorreu no fim de junho.
"Também soube que houve certa rejeição ao meu nome, e isso atrasou um pouco", afirmou o depoente, sem dar mais informações.
O empresário e político explicou em sua fala inicial na CPI que conheceu o general do Exército Eduardo Pazuello por sua atuação na Operação Acolhida, em Roraima.
Airton Cascavel disse ter sido procurado por Pazuello para ajudá-lo no ministério quando o general assumiu a secretaria da pasta, em abril de 2020.
Ele contou que Pazuello o chamou para ajudá-lo por seus conhecimentos de gestão. E disse ter ficado chocado com a falta de conhecimento do ministro da época, Nelson Teich. Airton teria contado a Pazuello a impressão que teve da primeira reunião que participou no governo, ainda sem cargo definido.
"General, eu vi uma coisa muito séria. Falta um conhecimento aqui do que é o SUS (Sistema Único de Saúde), do que é o Conass [Conselho Nacional dos Secretários de Saúde] e o Conasems [Conselha Nacional de Secretarias Municipais], porque as decisões são tripartites, tomadas pelas três esferas [federal, estadual e municipal]. Há pactos, não é o ministro sozinho que decide nada", teria dito a Pazuello.
O empresário disse ter aceitado a missão de ajudar o governo por ter ficado chocado com o relato de seu filho, que vivia no Amazonas, contando que a pandemia de covid-19 estava matando mais gente do que se imaginava.
Airton Cascavel narrou que acompanhou Pazuello em maio ao Amazonas e lá viu episódios que jamais vai esquecer.
"Lá em Manaus presencio a cena mais impactante da minha vida. Fui lá no hospital Delfina Aziz, onde acabei ficando internado, e vi corpos e corpos sendo embarcados para o cemitério. E vi escavadeiras enterrando pessoas nas ruas, na primeira onda de covid em Manaus."
Ao voltar a Brasília, teria recebido o covite oficial do ministro Teich para ser assessor do Ministério da Saúde.
Segundo o depoente, sua atuação se limitou a entrar em contato com autoridades estaduais e municipais para minimizar as dificuldades impostas pela pandemia.
"Eu sinto que atendi a um chamado, e não o chamado do general, mas algo maior", declarou Airton Cascavel.