CPI: Aziz encerra sessão e anuncia que Barros voltará como convocado
Deputado foi à CPI nesta quinta como convidado, o que não o obriga legalmente a falar a verdade e a responder às questões
Brasil|Gabriel Croquer, do R7
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), encerrou de forma abrupta a sessão que ouvia o líder do governo Bolsonaro na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). Irritado depois do parlamentar criticar o trabalho da comissão, Aziz anunciou que Barros ainda voltará à CPI como convocado e não como convidado, posição na qual ele depôs nesta quinta-feira (12).
A diferença é que os convocados às CPIs são obrigados por lei a falar a verdade no depoimento e também a responder todas as questões dos parlamentares. As últimas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre os convocados, porém, indicam que Barros terá direito a ficar em silêncio para não se autoincriminar em seu próximo depoimento.
Inicialmente, Barros deporia aos senadores como convidado, em um gesto de respeito da comissão à Câmara dos Deputados. No entanto, as alegações de Barros de que o trabalho da CPI afastou laboratórios interessados em vender vacinas ao Brasil acabaram com o clima amistoso.
A sessão foi suspensa e voltou às 15h, mas Aziz não abriu espaço para mais perguntas e aceitou pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) para encerrar a sessão e convocar Barros em outro dia.
"Convite foi feito em uma deferência ao deputado federal. A partir do momento que ele desrespeita o trabalho da CPI - desde o primeiro momento ele foi alertado- ele está convocado. E agora ele pode ir ao Supremo para pedir para não vir, porque ele foi ao Supremo pedindo para vir", explicou Aziz.
Assista ao vídeo da coletiva dos senadores da CPI após seu cancelamento:
A oitiva do deputado ainda fará os senadores da comissão consultarem o STF para saber quais as medidas poderão ser tomadas caso Ricardo Barros, protegido pela imunidade parlamentar, minta em seu próximo depoimento. Até agora, só o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias saiu preso da sessão.
O nome de Barros surgiu nas investigações depois de denúncia do deputado Luis Miranda (DEM-DF). Miranda afirmou à CPI que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria mencionado Barros como o responsável de um suposto esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin contra covid-19.
Os senadores também tentam esclarecer a relação de Barros com Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, que teria intermediado a venda de vacinas da Covaxin para o Ministério da Saúde. Maximiano é sócio de outra empresa, a Global Gestão em Saúde, que intermediou contrato suspeito com o Ministério da Saúde, quando Barros chefiava a pasta. Ele foi ministro entre 2016 e 2018.