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Defesa diz que João de Deus só ‘baixou aplicações de RS 35 milhões’

Advogado criminalista Alberto Toron, que representa o médium, afirmou que o líder espiritual não planejava deixar o País

Brasil|Do R7

Advogado diz que João de Deus não ia fugir
Advogado diz que João de Deus não ia fugir

O criminalista Alberto Toron, que representa o médium João de Deus, negou movimentações suspeitas de R$ 35 milhões na conta e aplicações financeiras e afirmou que o líder espiritual não planejava deixar o País.

João de Deus se apresentou às autoridades neste domingo (16) em Abadiânia (GO), e encaminhado para o DEIC (Delegacia Estadual de Investigação Criminal), em Goiânia, onde prestará depoimento.

“O dinheiro não foi sacado, o senhor João de Deus apenas baixou as aplicações. Não houve movimentação. Ele não sacou o dinheiro do banco e não estava fora do Estado”, afirmou Toron. Segundo o advogado, o médium prestará depoimento e será encaminhado a uma unidade prisional do Estado.

Em virtude da idade e dos crimes pelos quais é acusado, a expectativa é que o médium seja lotado em uma cela individual.


O criminalista acompanhou as negociações com as autoridades desde a sexta-feira (14), quando a Vara Judicial de Abadiânia expediu decreto de prisão preventiva contra o médium. Toron afirma encarar com ‘estranheza’ o fato de denúncias de supostos crimes cometidos há 30 anos terem voltado à tona agora.

“À medida em que os fatos forem sendo apurados, as pessoas forem sendo ouvidas, vamos poder ver se são aproveitadores”, disse, ao citar uma holandesa que denunciou João de Deus e que, segundo o criminalista, tem um passado ‘mais que duvidoso’. “Se fere de forma tão grave, como mulheres voltaram [ao Centro Dom Inácio Loyola, onde foram cometidos os supostos crimes] cinco vezes, oito vezes?”, questionou.


O criminalista pediu “calma e serenidade” em relação à apuração das acusações. Desde a revelação dos primeiros casos, o Ministério Público recebeu mais de 330 denúncias de abuso sexual contra João de Deus. As acusações vieram dos Estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países - Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.

“Precisamos de um pouco de calma e serenidade para que não se faça um linchamento”, afirmou. “Em respeito a essas mesmas pessoas e mulheres, precisamos fazer essa investigação com todo o cuidado.”


O criminalista disse que apresentará um pedido de habeas corpus para suspender a prisão preventiva em troca de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Entenda o caso

João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, está sendo acusado por diversas mulheres de abuso sexual durante os atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás.

Após as primeiras denúncias contra o médium, o MP-Go (Ministério Público de Goiás) abriu uma força-tarefa, que conta com quatro promotores, seis delegados e duas psicólogas para atenderem o caso.

Na noite de quarta (12), a Promotoria de Justiça de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium, cinco dias depois de as primeiras denúncias de abusos sexuais começarem a aparecer.

Em sua primeira aparição pública após as denúncias, na manhã de quarta-feira (12), João de Deus ficou cerca de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás. O médium e se disse inocente e declarou ainda que estava à disposição da Justiça.

Até a noite desta quinta-feira (13), a força-tarefa do MP-GO atendeu 330 mulheres.

Outro lado

O advogado criminalista Alberto Toron, que representa João de Deus, se posicionou sobre as acusações de abuso sexual contra o médium em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. Ele afirmou que o médium “nega e recebe com indignação a existência dessas declarações”.

“O que eu quero esclarecer, que me parece importante que se esclareça ao grande público, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, atendendo gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse o advogado.

Ainda segundo Toron, João de Deus vai se apresentar à Justiça nos próximos dias para colaborar no que for necessário.

O R7 tenta desde segunda-feira (10) ouvir o advogado, mas ainda não obteve resposta. Um novo contato foi realizado nesta quarta-feira (12), após o pedido de prisão. Uma entrevista com o médium também foi solicitada, também sem posicionamento do acusado.

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