Delegado afastado da PF no AM fala em 'organização criminosa'
Alexandre Saraiva disse, ainda, que não há como vincular sua saída ao fato de ter apresentado notícia-crime contra Ricardo Salles
Brasil|Do R7
O ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, afirmou, em entrevista à Record TV Manaus, que não há como vincular seu afastamento do cargo ao fato de ter apresentado notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Supremo Tribunal Federal (STF). O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, substituiu Saraiva pelo delegado Leandro Almada.
"Não dá para vincular os fatos. É um cargo de confiança e o diretor-geral coloca e tira quem ele quiser, dentro dos requisitos da lei", disse Saraiva. A notícia-crime apresentada por ele aponta, contra Salles, indícios de obstrução de investigação ambiental, organização criminosa e favorecimento de madeireiros.
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Segundo o ex-superintendente, há uma organização criminosa atuando na região. "Existem casos de pessoas com diversas condenações por tráfico de drogas que estão extraindo madeira", disse. Questionado sobre a ligação dessa organização com representantes do poder público, Saraiva foi evasivo. "Não estou dizendo que estão envolvidos. A organizacao atua desse jeito em vários estados. Narrei o fato ao STF. Se há envolvimento não sei, não me cabe esse juízo."
Quem é o sucessor
O sucessor de Saraiva, Almada, já atuou como número 2 do atual chefe da PF no Amazonas e já foi responsável pelo grupo de investigações ambientais sensíveis na superintendência.
Saraiva estava há quatro anos na chefia da PF da Amazonas e já houve ensaios para sua saída da superintendência. O delegado foi o pivô da primeira crise entre o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o presidente Jair Bolsonaro, em 2019.
Na ocasião, após Bolsonaro antecipar a saída do delegado Ricardo Saadi da superintendência da PF no Rio e a corporação indicar que o chefe da unidade fluminense seria Carlos Oliveira para a vaga, Bolsonaro afirmou que ‘ficou sabendo’ que Saraiva, próximo dos filhos do presidente, iria assumir o posto na superintendência.
O delegado chegou a prestar depoimento sobre o caso no âmbito do inquérito aberto para investigar suposta tentativa de interferência política do presidente na PF.
Desde que assumiu a direção-geral da PF, Maiurino já definiu os integrantes da cúpula da corporação durante a sua gestão e ainda decidiu fazer mudanças nas superintendências de São Paulo, Santa Catarina e Bahia.