Delta, de Cavendish, é alvo de duas operações da PF no mesmo dia
Operações Saqueador e Tabela Periódica fizeram busca e apreensão hoje na sede da empreiteira
Brasil|Do R7
A Delta Construções, do empresário Fernando Cavendish, é investigada em duas das quatro grandes ações deflagradas nesta quinta-feira (30) pela Polícia Federal. Além da Operação Saqueador, que apura esquema de lavagem de R$ 370 milhões, a empresa é apontada na Operação Tabela Periódica como "possível participante" de cartel que fraudou licitações da Valec para obter contratos superfaturados das ferrovias Oeste-Leste e Norte-Sul.
A Tabela Periódica identificou sobrepreço de R$ 208 milhões em trechos das obras. O esquema teria começado antes dos anos 2000 e atravessado ao menos três governos. Conforme o Ministério Público Federal, a partir de 2010, foram lançados dois editais de concorrência: um para a Norte-Sul (Trecho Ouro Verde, GO - Estrela do Oeste, SP) e outro para a Oeste-Leste (Trecho Ilhéus, BA - Barreiras, BA). Em ambos os casos, teria ocorrido ajuste anticompetitivo para inflar o preço das obras e serviços.
As informações que deram origem à operação foram fornecidas pela Camargo Corrêa em acordo de leniência firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). De acordo com o Ministério Público Federal, a partir dos dados apresentados, foi possível identificar que um grupo de 11 empreiteiras participou, efetivamente, do cartel em negócios feitos com a Valec a partir de 2010. Elas lideravam os consórcios de empresas que participaram das licitações.
A Delta integrava dois consórcios, embora não os tenha liderado. Os denunciantes do esquema pontuaram no acordo de leniência que, em função de sua participação, a empresa de Cavendish e outras integrantes são beneficiárias e possíveis envolvidas no esquema.
"Um dos objetivos da presente medida cautelar é localizar e apreender provas que reforcem os indícios dessa participação, bem como para delimitar a autoria delitiva. Em outras palavras, busca-se também identificar quem, pelas referidas empresas, tratava em seus nomes e em benefício delas dos assuntos do cartel, ao qual participavam por intermédio dos respectivos consórcios que integravam", afirma o procurador Hélio Telho em representação enviada à Justiça.