Desvalorização de moedas leva América Móvil a 1º prejuízo em 14 anos
Brasil|Do R7
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - A operadora de telecomunicações América Móvil, do bilionário mexicano Carlos Slim, informou na noite de segunda-feira seu primeiro prejuízo trimestral em quase 14 anos, com a forte depreciação de moedas na América Latina afetando a maior empresa de TV paga e telefone celular da região.
Enfrentando regulação mais pesada em seu mercado doméstico e recessão no Brasil, onde controla o grupo Claro, a América Móvil publicou prejuízo de 2,88 bilhões de pesos (170 milhões de dólares) no terceiro trimestre. Analistas esperavam lucro de 9,49 bilhões de pesos, de acordo com pesquisa Reuters.
Controlada pela família de Slim, o homem mais rico da América Latina, a companhia havia reportado prejuízo pela última vez que no quarto trimestre de 2001, ano em que começou a publicar seus resultados financeiros.
Na época, a América Móvil era a unidade móvel de Slim, mas posteriormente absorveu o restante das operações de telefonia e se tornou a principal marca de seu império de telecomunicações global.
Apesar de as receitas da América Móvil terem subido, suas perdas com moedas estrangeiras subiram para 45 bilhões de pesos no período de julho a setembro, ante 9 bilhões de pesos um ano antes.
No México, seu maior mercado, a América Móvil tem cerca de 70 por cento do mercado de celular e mais de 60 por cento das conexões de linhas fixas. Uma grande parte das receitas da companhia vem em pesos e reais, mas muitas de suas despesas são em dólares.
Em comunicado, a companhia disse que o peso mexicano caiu 7 por cento em média contra o dólar ante o segundo trimestre, enquanto o real caiu 15 por cento no Brasil, o segundo maior mercado da empresa. Em seu terceiro maior mercado, a Colômbia, o peso local caiu 18 por cento, acrescentou.
A América Móvil também teve de enfrentar aumento dos custos de vendas de mais de 8 bilhões de pesos durante o trimestre.
No México, sua margem de lucro caiu a cada trimestre desde que uma reforma do setor de telecomunicações foi concluída no ano passado trazendo regulação mais rígida. Apesar do corte de custos, as receitas de serviços da companhia caíram 5,7 por cento, enquanto a receita média por usuário (ARPU) caiu 8,6 por cento.
(Por Christine Murray)