Educação: novo governo terá desafio de melhorar qualidade do ensino
Especialistas dizem que país teve avanço no acesso à escola, mas nível de aprendizado está longe do adequado
Brasil|Karla Dunder, do R7
A partir do dia 1º de janeiro o Brasil terá um novo governo, que recebe uma missão antiga, principalmente na área da Educação.
O futuro ministro Ricardo Vélez Rodríguez tem o desafio de melhorar a qualidade do ensino público brasileiro, como aponta Olavo Nogueira Filho diretor de políticas educacionais do Todos pela Educação.
Rodríguez quer Educação dentro da essência conservadora da sociedade
“A qualidade é o maior desafio que o Brasil enfrenta hoje, nos últimos anos tivemos um avanço no acesso à escola, mas a maioria dos estudantes não conclui com nível adequado a aprendizagem”, diz Nogueira Filho.
O Brasil ainda tem 11,8 milhões de analfabetos, o que corresponde a 7,2% da população de 15 anos ou mais, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A metade desse contingente está no Nordeste. O conceito usado pelo IBGE são pessoas que não sabem ler nem escrever um bilhete simples.
Segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), a proporção de estudantes que concluem o ensino fundamental ainda é muito baixa. De cada 100 alunos matriculados no Ensino Fundamental, apenas 53 conseguem concluí-lo. Esse quadro agrava-se nas regiões mais pobres, como Norte e Nordeste, onde somente 40% das crianças concluem o ensino fundamental. No Sul e Sudeste, essa proporção sobe para 70%.
“A alfabetização deve ser um elemento central, se uma criança não for alfabetizada até os 9 anos de idade, todo o ensino está comprometido”. De acordo com pesquisa da Todos pela Educação, metade das crianças que estão matriculadas em escola pública entre 8 e 9 anos não está alfabetizada. Significa que cerca de 1 milhão de crianças do ensino fundamental não está com nível de aprendizagem considerada suficiente em leitura, escrita e matemática.
“E as tendências para os próximos anos não são promissoras, temos problemas sérios a partir do 6º ano e gravíssimo no médio”, observa Nogueira. Para o diretor de políticas educacionais para o Todos pela Educação é importante que o novo governo trace estratégias que articulem ações entre União, Estados e Municípios com foco na aprendizagem.
Duas políticas em curso no atual governo são bem vistas pelo especialista, são elas: a base nacional curricular comum e as mudanças no ensino médio, que tornam o ensino mais atrativo para os jovens.
Para o especialista, alguns pontos devem entrar na pauta do novo governo. “A transparência no repasse de verbas e em uma melhor redistribuição das verbas, principalmente para as regiões mais pobres e investir no professor como um todo – na formação, no desenvolvimento profissional, hoje a carreira não é desejada pelos estudantes, poucos querem ser professor.”