Em entrevista, Temer considera trocar comando da Polícia Federal
De acordo com o presidente, decisão será do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim
Brasil|Do R7

Em entrevista à revista IstoÉ desta semana, o presidente Michel Temer considera trocar o comando da Polícia Federal, com a substituição do diretor geral Leandro Daiello. Ele disse que a decisão caberá ao novo ministro da Justiça, Torquato Jardim.
— Primeiro, vou verificar qual é a perspectiva que ele, Torquato, tem em relação aos vários órgãos incluindo a Polícia Federal. Quando ele me trouxer os argumentos eu vou examiná-los, mas a decisão é dele, avalizada por mim, sem dúvida nenhuma. Pode ser que o novo ministro levante os dados todos que ele julgue convenientes e venha conversar comigo. Fui secretário da Segurança Pública em São Paulo duas vezes, e eu tinha que ter pessoas da minha confiança em certos cargos, então eu mudava delegado-geral, mudava o comando da Polícia Militar quando necessário. A mudança do diretor da PF vai depender do novo ministro.
A revista pergunta se uma mudança neste momento não poderia ser mal interpretada, ao que Temer responde.
— Só seria mal interpretada se você dissesse assim: só existe uma pessoa na Polícia Federal capaz de comandá-la. Mas isso desmerece a instituição e tenho certeza que o próprio diretor não pensa dessa maneira.
A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) emitiu uma nota, no domingo 28, expondo a preocupação com a indicação de Torquato Jardim para o Ministério da Justiça. O presidente da Associação, Carlos Eduardo Sobral alega que mudanças geram incerteza sobre eventuais interferências no trabalho da PF, que atua na linha de frente da Operação Lava-Jato. Temer reitera na entrevista que a operação continuará.
— A Lava Jato vai continuar. O que não podemos é achar que o Executivo ou o Legislativo vão interferir toda hora no Judiciário. Cada um tem suas funções distintas. Deixem os poderes trabalhar.
Ainda na mesma entrevista, Temer disse que não teme uma delação do seu assessor Rodrigo Loures, flagrado com uma mal de R$ 500 mil que teria recebido de um executivo da JBS.
— Duvido que ele vá me denunciar. Primeiro, porque não seria verdade. Segundo, conhecendo-o, acho difícil que ele faça isso. Agora, nunca posso prever o que pode acontecer se eventualmente ele tiver um problema maior, e se as pessoas disserem para ele, como chegaram para o outro menino, o grampeador (Joesley): “Olha, você terá vantagens tais e tais se você disser isso e aquilo”. Aí não posso garantir.
