Embaixador do Brasil vai representar Dilma na posse de Obama nesta segunda
800 mil pessoas devem visitar Washington para assistir à cerimônia
Brasil|Marina Marquez, do R7, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff não vai para Washington nesta segunda-feira (21) para a posse de Barack Obama, reeleito presidente dos Estados Unidos. O embaixador brasileiro Mauro Vieira vai representar o Brasil na cerimônia.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério de Relações Exteriores, é tradição americana convidar os embaixadores e não os presidentes dos países para a posse.
Obama foi reeleito em novembro para outros quatro anos de mandato. O primeiro presidente negro dos Estados Unidos venceu o republicano Mitt Romney.
A primeira posse de Obama foi histórica. Em 2009, 1,8 milhão de pessoas foram até a Casa Branca presenciar a posse do primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
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A estimativa é que, desta vez, entre 500 mil e 800 mil pessoas visitem Washington no dia da posse. O perímetro em torno do Capitólio, da Casa Branca e da imensa esplanada do Mall será fechado e a segurança reforçada.
Mochilas, cadeiras dobráveis e guarda-sóis estão proibidos nas cerimônias de posse presidencial, assim como os cartazes e o consumo de álcool.
A embaixada dos Estados Unidos informou que a decisão de convidar apenas embaixadores e não presidentes de outros países é de Obama. A assessoria de imprensa da embaixada não soube informar se, em outras posses, presidentes brasileiros foram convidados.
Dilma e Obama
As relações entre Obama e Dilma estão mais fortes, apesar das divergências em alguns temas internacionais e comerciais.
Quando o presidente americano foi reeleito, por exemplo, a presidente brasileira ligou para ele e falou que os dois precisam trabalhar "pela ampliação das relações entre os dois países, em especial nas áreas comercial e de investimentos".
Desde que os dois assumiram as presidências dos Estados Unidos e Brasil, respectivamente, já tiveram dois encontros bilaterais, um em cada país.
Em março de 2011, Obama visitou o Brasil por dois dias. Com a mulher, Michelle, e as filhas, Sasha e Malia, visitou Brasília e o Rio de Janeiro.
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Em abril de 2012, Dilma retribuiu a visita oficial. Ficou dois dias em solo americano e tratou de temas relacionados ao comércio, investimentos, ciência e tecnologia, inovação, cooperação educacional e energia.
No entanto, Washington não conferiu o status de visita de estado à viagem de Dilma. A postura foi uma forma de evitar o que a Casa Branca considerava um teatro diplomático realizado pelo ex-presidente Lula nas viagens realizadas aos Estados Unidos.
Parceria
Após um encontro de uma hora e meia na Casa Branca, Obama disse que "tinha sorte" por ter Dilma como parceira.
Ele elogiou os "progressos do Brasil" nos governos de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e admitiu seu interesse em fazer dos EUA "um grande cliente" do País no campo da energia. Especialmente, em petróleo e gás.
— Esperamos cooperar em uma ampla gama de projetos energéticos. A relação bilateral nunca foi tão forte.
Na ocasião, Dilma também falou das oportunidades de negócios entre Brasil e Estados Unidos. Mencionou as oportunidades abertas pelo setor energético para as companhias americanas, como as fornecedoras de equipamentos e prestadoras de serviços.
A presidente falou também em outras áreas igualmente "importantes a serem exploradas" como as de inovação tecnológica, de inovação, de segurança e de infraestrutura para a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016.
Discordâncias
Alguns acontecimentos geraram desconforto diplomático entre Brasil e Estados Unidos. Em fevereiro de 2012, os EUA cancelaram um contrato de US$ 355 milhões com a Embraer (Empresa Brasileira Aeronáutica) para fornecimento de 20 aviões, alegando problemas com a documentação.
A aproximação comercial entre Brasil e Irã, iniciada na gestão Lula, também não agradou os Estados Unidos. Obama pressionou o Brasil para ajudar a impedir o programa iraniano de armas nucleares.
Em setembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff aproveitou o discurso de abertura da 67ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) para criticar o afrouxamento monetário dos países desenvovidos e a consequente enxurrada de dólares. Dilma alegou que a medida prejudicava os países emergentes, que acabavam perdendo espaço no mercado internacional.
Outro caso de repercusão foi o questionamento feito pelo Brasil à OMC (Organização Mundial do Comércio), contra os subsídios dos Estados Unidos ao algodão produzido no País. A OMC deu parecer favorável ao Brasil.
Visto
A entrada facilitada dos brasileiros em solo americano também é tema constante de conversas entre Dilma e Obama.
Os dois já se comprometeram, em diversas ocasiões a “trabalhar” para que brasileiros e norte-americanos não precisem mais de visto para viajar de um país para o outro.
De janeiro a dezembro de 2012, Embaixada e os consulados dos Estados Unidos no Brasil processaram 1.020.352 vistos, sendo 66.932 só em dezembro.
Nos últimos cinco anos, a emissão de vistos norte americanos para brasileiros para brasileiros cresceu 234%, de acordo com a Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil.
Boa parte dos vistos é para estudar em solo americano. O governo federal tenta aumentar o número de bolsas para brasileiros nas universidades americanas, através do programa Ciência sem Fronteiras.