O tráfico de pessoas teve um aumento significativo durante a pandemia, segundo estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
O cenário econômico, aumento do desemprego e redução de rendas tornaram ainda mais vulneráveis as possíveis vítimas desse tipo de crime com a exploração do trabalho análogo ao escravo.
Além disso, o tráfico humano também acontece para fins de exploração sexual, prostituição e extração de órgãos, diferentemente do contrabando de pessoas, que tem o intuito de burlar as leis regulatórias de um país ou outro com o uso de documentos falsos ou por meio de atravessadores de fronteiras, conhecidos como "coiotes".
A procuradora do Ministério Público do Trabalho Andrea Gondim explica que, no contrabando de imigrantes, a pessoa contrabandeada tem conhecimento sobre o ato criminoso, já no tráfico de pessoas, mesmo que a vítima consinta em viajar, ela não imagina os abusos que irá sofrer.
“Quando o contrabando de imigrantes acontece e a pessoa ingressou em outro território e cada um vai para o seu lado, ela já conseguiu ingressar, mas também pode acontecer em que a pessoa inicia pensando que é um caso de contrabando de imigrantes, mas no decorrer da viagem tem retenção de documentos, perde o dinheiro, é levada para um local estranho ao que foi combinado e esse consentimento que iniciou de forma válida, porque ela queria ir para outro país, passa a ser viciado”, diz a procuradora.
De acordo com estatísticas do Customs and Border Protection (CBP), cerca de 93% das pessoas que contratam o serviço de contrabandistas de pessoas acabam se tornando vítimas de tráfico humano, pois documentos são perdidos, há trabalhos forçados, estupro feminino, masculino e de crianças, indução ao uso de drogas, contrabando de drogas e de armas de forma ilícita e outros ilícitos, também através dessa servitude involuntária de imigrantes contrabandeados, acrescenta Leonardo Freitas, CEO da Hayman Woodward e especialista em imigração.
Andrea, que também é gerente do Projeto Liberdade no Ar, iniciativa que atua na prevenção ao tráfico de pessoas em aeroportos através da veiculação de vídeos de conscientização para sensibilizar a sociedade e alertar sobre os perigos envolvendo falsas promessas, em terminais rodoviários de todo o Brasil, alerta que “os aliciadores e perpetradores usam a tecnologia para traçar o perfil, recrutar, controlar e explorar suas vítimas, inclusive criando sites falsos ou publicando anúncios de emprego em portais que são verdadeiros”.
“O tráfico humano pode existir dentro do seu próprio bairro, casa e até dentro da própria família, é uma questão que realmente merece um alerta, ele às vezes acontece pela troca, esse instrumento de troca nem sempre é apenas o ativo financeiro, pode ser até uma troca de vantagens, e isso é uma coisa que realmente é difícil de trafegar”, completa Leonardo.
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