O sócio-diretor da empresa Sanko-Sider, Marcio Andrade Bonilho, confirmou que a empresa teve um contrato com a consultoria Costa Global, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.
— Esse contrato durou quatro meses, R$ 10 mil reais por mês, e, na inexistência de negócio, acabamos por encerrar as atividades.
A fala foi feita durante depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras, em resposta ao deputado Afonso Florence (PT-BA), que substitui o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), afastado para recuperar-se de um acidente de moto.
Segundo Bonilho, o contrato era para Costa apresentar à Sanko empresas no exterior para ampliar o leque de contatos comerciais.
— Conheci Costa dois anos após ter-se desligado da Petrobras [em abril de 2012]. Tive um único contrato de representação para que ele apresentasse empresas do exterior.
Para oposição, sócio mente
Deputados da oposição criticaram a relação entre Bonilho e o doleiro Alberto Youssef. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que Bonilho mentiu para a CPMI e que ele sabia da emissão de notas frias pelas empresas de Youssef. Lorenzoni questionou a afirmação de Bonilho de que não conhecia o doleiro.
— O senhor contratou um doleiro "famosésimo" no Brasil para ser seu vendedor. O mínimo que o senhor tinha de fazer era procurar na internet, ia aparecer a delação premiada anterior, e o caso do Banestado.
Leia mais notícias de Brasil no Portal R7
O líder do PSDB, deputado Antônio Imbassahy (BA), também questionou a falta de análise do histórico de Youssef pela Sanko.
— O senhor acha razoável procurar um doleiro para fazer negócio tendo 8 mil clientes e 18 anos de mercado?
Bonilho disse que se respaldou em seus advogados para manter contrato com Youssef.
— Não entrei no Google para checar o nome dele. Depois de alguns meses, um amigo me procurou e me alertou. E eu consultei um advogado e ele disse que se minhas operações estão corretas.
Segundo o empresário, a escolha de Youssef foi feita porque o doleiro conhecia os empreiteiros e os diretores e tomadores de decisão.
— Eu procurei as empresas diretamente e elas tinham relacionamento muito bom com ele. Quando você o vê fazendo o negócio, você não tem uma visão negativa.
Meire Poza
Lorenzoni afirmou que a ex-contadora de Youssef Meire Poza disse que a Sanko preparava os contratos e os entregava já prontos com as notas fiscais para a MO Consultoria emitir.
— A sua empresa serviu de duto, para aquilo que a Camargo Corrêa não podia pagar diretamente. O senhor sabia que era nota fria desde o início.
Poza afirmou à CPMI, em 8 de outubro, que a Sanko era uma das empresas que tinham contratos com as empresas de Youssef, como a holding GFD e a MO Consultoria.
“Não tive relações com Meire Poza, ela nunca esteve na minha empresa. O Youssef pediu que eu pagasse mais uma nota para a contadora dele.
— Youssef, já tem quatro empresas que você me indicou, chega.