'Exoneraço' de Lula é retaliação e mostra que o amor propagado na campanha não venceu o ódio
Embora negue, a gestão petista adotou critérios ideológicos ao demitir 1.200 funcionários técnicos considerados bolsonaristas
Brasil|Marco Antonio Araujo, do R7
Quando Lula assumiu seu primeiro mandato, em 2003, ele era mais inteligente. Teve a sabedoria de preservar o quadro técnico de funcionários comissionados herdados da gestão FHC. O exemplo mais notável foi no Ministério da Educação, cuja equipe, qualificadíssima, permaneceu praticamente intacta.
Desta vez, o governo petista riscou a faca no chão e a mantém cerrada nos dentes. Sob o risco de paralisar o funcionamento da máquina pública logo de início, passou uma foice ideológica e exonerou 1.200 trabalhadores públicos considerados bolsonaristas.
Embora negue, a gestão petista abandonou qualquer régua além do que em política se chama retaliação. Nem tempo hábil houve para estabelecer méritos ou considerar as competências individuais dos servidores.
É fundamental entender que não estamos falando de cargos de confiança, políticos por natureza. Faz parte do jogo a troca de guarda, a alternância de quadros por afinidade programática.
Não é disso que se trata. O governo Lula e seus ministros passaram um mau sinal para quem atravessou toda a campanha eleitoral falando em pacificação. Agora, veio a vingança mesquinha — ou ódio mesmo, que é o recado que passa. Perdeu uma ótima oportunidade de provar isso na prática. E respeitar a competência de bons funcionários públicos que dedicaram esses últimos anos a servir o país.