Filha de Temer depõe à PF em investigação contra o pai
Maristela Temer teria sido beneficiada com reforma de casa; dinheiro para custear obras foi de propina paga por construtora, aponta inquérito
Brasil|Thais Skodowski, do R7
A filha do presidente Michel Temer (MDB), Maristela Temer, prestou depoimento por cerca de quatro horas, na PF (Polícia Federal) do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, nesta quinta-feira (3).
Ela saiu do aeroporto por volta das 14h. O depoimento estava marcado para começar às 10h. De acordo com o advogado de Maristela, Fernando Castelo Branco, ela respondeu a todas as perguntas feitas pela Polícia Federal. O defensor ainda classificou o depoimento como “muito elucidativo e clarificador”.
Maristela teria se beneficiado de dinheiro de propina paga ao pai dela. Os valores, segundo a polícia, foram usados na reforma da casa dela, no Alto de Pinheiros.
Mais cedo, em uma visita a uma feira de agronegócios no interior de São Paulo, o presidente, ao ser questionado se estava preocupado com o depoimento da filha, foi irônico.
— Registe o meu sorriso.
Trata-se também da primeira vez que um filho de presidente em exercício presta depoimento à polícia.
Lavagem de dinheiro
No depoimento, Maristela Temer foi questionada sobre o suposto recebimento de R$ 1 milhão para reformar a casa situada no Alto de Pinheiros, região nobre da capital paulista.
As investigações apontam que o pagamento fazia parte das retribuições dadas a Temer pela renovação das concessões no Porto de Santos.
De acordo com a PF, Temer teria recebido R$ 2 milhões da construtora Engevix, por intermédio de seu amigo e coronel João Baptista de Lima Filho. Parte do valor seria usada para financiar a reforma na casa de Maristela.
Coincidentemente, o projeto no imóvel da filha do presidente foi comandado pela arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima.
Na sexta-feira (27), Michel Temer rebateu as informações de que teria reformado e comprado imóveis para a sua família com dinheiro de propina. Temer disse estar sofrendo um ataque moral e diz que em nenhum momento foram pedidos documentos que comprovariam a origem dos recursos.
Para ele, estão tentando atacar a sua honra. O ministro da Segurança, Raul Jungmann, mandou investigar o vazamento de informações do inquérito dos portos, na Polícia Federal, que apura o susposto recebimento de propina pelo presidente da República.