Filho de presidente do STJ recebeu R$ 80 mi para influenciar decisões
Eduardo Martins é um dos 26 acusados pela Lava Jato pelo suposto esquema de pagamento que teria desviado R$ 150 milhões entre 2012 e 2018
Brasil|Do R7
O advogado Eduardo Martins, filho do atual presidente do Superior Tribunal de Justiça), ministro Humberto Martins, fechou contratos de R$ 83 milhões com a Fecomércio do Rio, à época em que era presidida por Orlando Diniz, a pretexto de 'influir em atos praticados por ministros do Superior Tribunal de Justiça', indica a força-tarefa da Lava Jato fluminense.
Martins é um dos 26 acusados pelo Ministério Público Federal do Rio por suposto esquema irregular de pagamento a escritórios de advocacia que teria desviado 150 milhões entre 2012 e 2018 das seções fluminenses do Sesc-RJ (Serviço Social do Comércio), do Senac-RJ (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e da Federação do Comércio (Fecomércio/RJ). A Procuradoria imputa ao advogado crimes de peculato, exploração de prestígio lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Leia mais: PF apreende R$ 800 mil no escritório do filho do presidente do STJ
Na denúncia recebida pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, os procuradores da Lava Jato registram duas 'levas' de contratações que teriam beneficiado o filho de Humberto Martins. A primeira delas teria ocorrido em maio de 2014, no valor de R$ 5,5 milhões e teria contado com auxílio de Cristiano Zanin e Fernando Hargreaves.
Segundo a Procuradoria, na ocasião, Eduardo Martins obteve para si e para Eurico Teles, 'vantagem ilícita, em prejuízo da Fecomércio, consistente no pagamento de R$ 2 milhões'. O filho do presidente do STJ recebeu R$ 1,3 milhões e o Eurico, pouco mais de R$ 600 mil.
Os valores foram repassados em maio e dezembro do mesmo ano, mediante formalização de um contrato de honorários advocatícios firmado com o sistema S fluminense, diz a Procuradoria.
Em razão de tal contratação o escritório do Eduardo emitiu duas notas ficais, que, assim como os contratos investigados, são consideradas pela Lava Jato do Rio 'ideologicamente falsas, na medida em que os serviços nelas especificados não foram prestados'.
Já a segunda leva de contratações relacionadas a Eduardo Martins e identificadas pelo Ministério Público Federal teriam relação com desvios que ocorreram entre 2015 e 2017, em um valor mais substancial: R$ 77,5 milhões, também a pretexto de influir em atos praticados por ministros do Superior Tribunal de Justiça'.
Os procuradores registram que entre dezembro de 2015 e abril de 2016, Eduardo Martins 'desviou para si e para César Rocha, com ajuda de Orlando Diniz e Cristiano Zanin', R$ 37,4 milhões dos cofres do Sesc e do Senac do Rio - R$ 36,5 para ele mesmo e R$ 900 mil para César Rocha. Os supostos desvios se deram mediante a elaboração de três contratos de honorários advocatícios, firmados entre a Fecomércio e o Escritório de Advocacia Martins.
Até a publicação desta matéria, a reportagem ainda buscava contato com os demais citados, sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.