Ganenses com visto para a Copa tentam vida no Brasil
Onda de migração sucede a de haitianos e senegaleses; maioria são homens entre 20 e 30 anos
Brasil|Do R7
Ganeses estão em abrigos provisórios em São Paulo, Criciúma (SC) e Caxias do Sul (RS). Após obterem visto de turista para a Copa, sonham com trabalho no Brasil e querem ajudar a família que ficou na África.
A onda de migração de ganenses sucede a de haitianos e senegaleses, que chegam há anos com histórias semelhantes. Depois de algum tempo poupando e eventualmente com ajuda familiar, eles "investem" cerca de R$ 3,4 mil (US$ 1,5 mil) para empreender a viagem Acra-Casablanca-São Paulo de avião, pagar mais um deslocamento de ônibus e sobreviver alguns dias no Brasil. Quase todos são homens jovens, entre 20 e 30 anos. Chegam só com a roupa do corpo e dependem de ajuda.
Movidos pelas informações de que em Caxias do Sul a Polícia Federal (PF) estava habilitada a atender 20 pedidos de refúgio por dia e poderia haver emprego, parte dos ganenses que já estavam em Criciúma tomou o rumo da serra gaúcha. Ao chegar, foram amparados pelo Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), ligado à Igreja Católica, e receberam apoio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores.
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No ginásio de esportes do Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, local encontrado pelo CAM para abrigá-los, os ganenses de diferentes cidades formam uma comunidade sem número definido. Como a maioria dos ganenses é muçulmana, criou-se, atrás do ginásio, um espaço atapetado para que todos possam orar voltados para Meca.
Os primeiros que chegaram se disseram perseguidos por questões tribais, desavenças religiosas e até brigas de vizinhos. No dia 11, o governo de Acra sustentou que o argumento não tem fundamento e destacou que não há conflitos internos. Nos últimos dias, a justificativa dos que chegam é de que fogem da pobreza, do desemprego ou dos salários baixos e desrespeito às leis trabalhistas.
Autoridades já observaram que dificilmente os pré-requisitos para a concessão de refúgio, como o da perseguição, serão preenchidos. Ao mesmo tempo, admitem que os migrantes poderão ficar no Brasil, mas em outra condição, com visto de trabalho para ocupar as vagas que conseguirem no período em que o pedido de refúgio estiver em análise.
Levantamento mais recente do Ministério da Justiça mostra que foram emitidos 8.767 vistos para ganenses durante a Copa e 2.529 entraram efetivamente no País desde então. Desses, 1.397 já deixaram o Brasil e 1.132 permanecem por aqui. Os pedidos de refúgio encaminhados ao Conare chegam a 180.