Gilmar Mendes diz que STF não admite pressão de militares
Ministro da Suprema Corte afirma que manifestações de alguns membros das Forças Armadas são "preocupantes" e "dignas de repúdio"
Brasil|Clébio Cavagnolle, da Record News
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes criticou as manifestações de membros das Forças Armadas contra o Supremo. Ele afirma que “não se pode tentar pressionar a Suprema Corte do País”.
“Temos que dizer em alto e bom som que não é permitido nenhum tipo de pressão por parte da imprensa e muito menos das Forças Armadas contra o Supremo Tribunal Federal”, diz Gilmar.
“Toda essa confusão no Brasil agora se adensa com essas manifestações, inclusive, dos generais, do comandante do Exército Villas Bôas e também de vários generais de reserva, o que é extremamente preocupante e digno de todo o repúdio”, completa o ministro.
Em sua fala, Gilmar cita nominalmente o general Eduardo Villas Bôas, que questionou em sua conta no Twitter "quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?".
A manifestação de Villas Bôas foi feita na véspera do Supremo votar o habeas corpus que poderia impedir a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a análise de todos os recursos apresentados pela defesa do petista.
"Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais", diz o general em outra postagem.
Ao comentar o parecer a respeito das prisões após o julgamento em segunda instância, Gilmar avalia ser "preciso que a população entenda que Justiça criminal no Brasil é muito falha".
"O STJ [tribunal de terceira instância] tem várias vezes feito as revisões das decisões de segundo grau. Isso é importante", destaca Gilmar.