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Governo é criticado por doar dinheiro para basílica na Palestina

Situação econômica difícil é lembrada por especialistas em relações exteriores e líder de federação judaica

Brasil|Ana Luísa Vieira e Giuliana Saringer, do R7

Basílica da Natividade é patrimônio da Unesco
Basílica da Natividade é patrimônio da Unesco Basílica da Natividade é patrimônio da Unesco

Durante a ida do presidente Temer ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, o então presidente em exercício Rodrigo Maia autorizou a doação de R$ 792 mil para o Estado da Palestina. O dinheiro será destinado para a restauração da Basílica da Natividade, localizada em Belém, na Cisjordânia. A liberação dos recursos foi feita através de uma MP (medida provisória) no dia 25 de janeiro.

A doação gerou polêmica e questionamentos, principalmente por causa do momento econômico que o País atravessa, com um alto contigente de desempregados e uma recuperação ainda lenta. Essa situação ainda de dificuldades chamou a atenção de Ricardo Berkiensztat, presidente da Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo).

— O Brasil hoje atravessa um dos seus piores momentos financeiros e econômicos da história. Estamos, sim, com dificuldades de caixa. Que seja uma doação de um valor irrisório perante o orçamento, mas hoje o estado natal do Rodrigo Maia, que é o Rio de Janeiro, tem muitas necessidades. Para nós pareceu estranha essa ação do Rodrigo Maia enquanto presidente em exercício.

Daniela Medeiros, professora na Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e especialista em relações internacionais e política externa brasileira pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) assume que a doação deve provocar críticas principalmente em razão da situação econômica que vive o Brasil — e destaca o contexto internacional em que o ocorre a doação. 

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— Nós estamos em uma situação da política interna em que esse tipo de medida deve, sim, gerar várias críticas de todos os lados. Principalmente porque estamos num momento de crise econômica em que as doações de dinheiro trazem, de fato, questionamentos. Além disso, o tema está em debate na política internacional porque recentemente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como capital de Israel e transferiu a embaixada americana pra lá, em contraposição ao reconhecimento do Estado Palestino.

O Planalto publicou junto com a MP um documento chamado "Exposição de motivos", assinado pelo ministro das relações exteriores Aloysio Nunes, no dia 22 de dezembro de 2017. A proposta foi assinada porque o governo brasileiro considera esta uma "oportunidade ímpar que ora se apresenta ao Brasil, pelo que representa a Basílica e pela amizade que o Brasil nutre pela Palestina". Em troca da doação, o nome do Brasil aparecerá gravado em uma placa na Basílica, que é patrimônio mundial da Unesco.

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"Com esse tipo de medida, o Brasil busca aparecer mais para ter posicionamento em fóruns internacionais. A contrapartida para o País é menos visível em termos quantitativos, mas pode significar algo do tipo 'olha, o Brasil está voltando'", diz Daniela. 

Marcus Vinícius Freitas, professor de Relações Internacionais da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), de São Paulo, concorda — mas acredita que o Brasil pode ainda tomar medidas mais efetivas se quiser mais reconhecimento diante da comunidade internacional.

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— Essa doação tem como objetivo demonstrar alguma influência nas relações internacionais. Mas, há outras coisas que o País pode fazer nesse sentido. Doar é relativamente fácil. Nós poderíamos, por exemplo, receber mais refugiados da Síria — já que os sírios enfrentam problemas sérios naquela região. Aí, sim, o Brasil estaria efetivamente apresentando uma posição de liderança na comunidade internacional. 

O presidente da Federação Israelita afirma que pouca coisa deve mudar na relação entre Brasil em Israel em decorrência da doação.

— Nós vivemos uma crescente desta relação, inclusive o atual embaixador de Israel no Brasil é uma indicação pessoal do primeiro-ministro israelense, o que mostra um apreço pelo nosso País, e o embaixador brasileiro em Israel também é um diplomata de alto gabarito e de alta representatividade dentro do Itamaraty. Então, por conta desta doação, eu não acredito que nossa relação vai mudar nada.

O R7 enviou um e-mail para o Ministério de Relações Exteriores por volta das 6h40 desta quarta-feira (31) perguntando sobre a doação, mas ainda não obteve resposta.

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