Apenas 30% das residências da população mais pobre no Brasil (classes D e E) possuem acesso à internet, seja por computador ou celular, segundo a pesquisa TIC domicílios 2017, divulgada nesta teça-feira (24) pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil).
Realizado desde 2005, o estudo confirma a profunda desigualdade socioeconômica no acesso à internet no Brasil. Enquanto 70% dos lares mais pobres não estão conectados, a internet chega a 69% dos domicílios da classe C, 93% da classe B e 99% da classe A.
O levantamento mostra ainda que a zona rural brasileira (34%) está mais conectada do que os lares mais pobres (30%).
Nas moradias mais pobres que estão conectadas, o acesso é feito principalmente por meio do telefone celular (48%), seguido da banda larga fixa em casa (34%).
Considerando a população geral, o acesso é feito principalmente por banda larga (64%).
Apesar das desigualdades, o levantamento mostra que o acesso à internet continua se expandindo no Brasil. Considerando todos os domicílios, 61% estavam conectados em 2017 (42,1 milhões de lares), contra 54% no ano anterior.
Preço é a maior barreira
Dentre os moradores das classes D/E que não possuem internet, o preço é apontado como principal motivo, segundo 63% dos entrevistados. Na sequência, os moradores alegam que não sabem usar computador (47%) e que não possuem o equipamento em casa (47%).
Considerando toda a população sem acesso à internet em casa, os três motivos também estão no topo da lista, mas em segundo lugar aparece também a "falta de interesse dos moradores" da residência.
“O dado revela ser cada vez mais essencial o investimento em infraestrutura e em políticas públicas que possibilitem que todos os brasileiros possam ter acesso à Internet em suas casas, sem distinção de classe social ou região geográfica”, pontua Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), responsável pela pesquisa.
33% da população não usa internet
A pesquisa revelou ainda que 87 milhões de brasileiros não utilizam a internet, apesar de, eventualmente, terem acesso.
Dentre as pessoas que afirmam nunca ter acessado a internet, a principal razão é a falta de habilidade com o computador, em seguida aparece a falta de interesse.
O levantamento também mostra a consolidação do telefone celular como principal aparelho de acesso à internet no Brasil. Se em 2015 cerca de 35% dos usuários se conectavam exclusivamente pelo telefone, em 2017 o índice saltou para 49%. No caso do computador, a frequência de uso caiu de 11% para 4%. Já o acesso feito tanto por telefone como computador oscilou de 54% para 47%.
A TIC Domicílios 2017 realizou entrevistas em mais de 23 mil domicílios em todo o território nacional, entre novembro de 2017 e maio de 2018, com o objetivo de avaliar o uso das tecnologias da informação e da comunicação nos domicílios, o acesso individual a computadores e à internet, atividades desenvolvidas na rede, entre outros indicadores.
Do disquete ao ICQ: 10 tesouros para quem viveu o início da internet
Não tinha outro jeito: para se conectar à rede mundial de computadores no início dos anos 2000, era necessário recorrer à internet discada. Isso significava ocupar a linha telefônica de casa para utilizar a chamada “banda estreita”. Você pagava o custo de uma ligação pelo tempo que permanecesse conectado, ou seja: meia hora na internet tinha o mesmo preço de meia hora no telefone