João de Deus responsabiliza espírito em depoimento à polícia
Médium, que está preso desde domingo após centenas de denúncias por abuso sexual, também afirmou que não entregava receitas para os pacientes
Brasil|Thais Skodowski, do R7
O médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, responsabilizou “Deus” e o “espírito” pelos procedimentos feitos na Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás. O depoimento à polícia foi realizado no dia 16 de dezembro. A informação é do Jornal O Globo desta quinta-feira (20).
Arma, dinheiro e munição: o que foi apreendido na casa de João de Deus
João de Deus disse que “as orientações são repassadas pelo espírito”. Perguntado se faz tratamento com cirurgias incisivas, ele negou e disse que “Deus que faz”. Ele também informou que não entregava receitas aos pacientes.
As notas taquigráficas do depoimento, divulgadas pelo jornal, mostram a explicação dada pelo médium:
“No atendimento não é repassada receita, as orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita. Esclarece que apenas atende e orienta. Informa ainda que alguns frequentadores já adquirem os produtos, mesmo sem o encaminhamento do espírito, pois são frequentadores do local há muitos anos e acreditam na eficiência do produto", está escrito.
Ainda em depoimento, o médium afirmou que não chamava “qualquer pessoa para se submeter a um atendimento individualizado”. De acordo com João de Deus, ““são as pessoas que o procuram em busca de um atendimento individualizado, vez que são os frequentadores quem solicitam tal atendimento e não o interrogado”.
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Entenda o caso
João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, está sendo acusado por diversas mulheres de abuso sexual durante os atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás.
Após as primeiras denúncias, o MP-GO (Ministério Público de Goiás) criou uma força-tarefa, que conta com quatro promotores, seis delegados e duas psicólogas para atenderem o caso.
Na noite de quarta (12), a Promotoria de Justiça de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium, cinco dias depois de as primeiras denúncias de abusos sexuais começarem a aparecer.
Em sua primeira aparição pública após as denúncias, na manhã de quarta-feira (12), João de Deus ficou cerca de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás. O médium se disse inocente e declarou que estava à disposição da Justiça.
Na tarde de domingo (16), João de Deus se entregou às autoridades.
Até a tarde de segunda-feira (17), a força-tarefa do MP-GO tinha recebido um total de 506 mensagens sobre a investigação contra o médium.
Nesta quinta-feira (20), a defesa de João de Deus entrou com um pedido de liberdade no STF (Supremo Tribunal Federal).
Também nesta quinta, a Polícia Civil indiciou o médium João de Deus por violação sexual mediante fraude.