400 quilômetros de liberdade
Boa notícia para quem ama caminhar e pedalar: Brasília vai fazer parte da Rede Nacional de Trilhas O post 400 quilômetros de liberdade apareceu primeiro em JBr..
Jornal de Brasília|Do R7
Grace Perpetuo e Larissa Galli
Em um mundo que oprime e parece se degradar irreversivelmente, leitor, o que poderia ser melhor do que subir numa mountain bike e – numa celebração de sua própria liberdade –percorrer trilhas que, magicamente, interligam quilômetros e quilômetros de paisagens? Posso ver seu sorriso, leitor; nada pode ser melhor que isso.
Então uma boa notícia: o Brasil está investindo em trilhas de longo percurso para atrair cidadãos e turistas a desfrutarem dessa experiência – e Brasília não é exceção.
Em abril do ano que vem, aos 60 anos da cidade, cerca de 400 quilômetros de chão local estarão sinalizados para compor os chamados Caminhos do Planalto Central – que, por sua vez, farão parte do já estabelecido Caminho dos Goyases que liga a Cidade de Goiás à Chapada dos Veadeiros e faz parte da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas). Será um banquete de natureza e história.
No momento, cerca de 100 quilômetros da trilha já estão sinalizados, em circuitos há muito percorridos pelos ciclistas e caminhantes locais.
“Temos um produto maravilhoso nas mãos; vamos trabalhar com os idealizadores do projeto Caminhos do Planalto Central para que ele funcione. O mais difícil já está feito; é extremamente difícil criar uma rota como essa”, diz a secretária de Turismo de DF, Vanessa Mendonça.
“O DF tem uma das mais amplas redes de proteção ambiental do Brasil, riqueza de fauna e flora nativa do Cerrado e um relevo que favorece essa prática”, reitera. Vanessa observa que, além de atraírem turistas e impulsionarem a economia das cidades que margeiam as trilhas, percursos como esses são importantes para a preservação do meio ambiente local.
Isso é especialmente relevante aqui; no Cerrado, muita diversidade já se perdeu. De acordo com um mapeamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Cerrado teve 6.657 quilômetros quadrados desmatados no período de agosto de 2017 a julho de 2018.
Rede
Criada por meio de uma portaria assinada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelos ministérios do Turismo e do Meio Ambiente em 2018, a RedeTrilhas é composta por percursos que ligam diferentes biomas de Norte a Sul do país. As trilhas são identificadas com um símbolo – uma pegada amarela no chão – e poderão ser percorridas a pé, de bicicleta ou utilizando outros modos de viagem, desde que não motorizados.
A Rede engloba várias trilhas locais e regionais. São quatro os circuitos criados: Litorâneo, do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS); Caminhos Coloniais, do Rio de Janeiro até a Cidade de Goiás (GO); Caminhos dos Goyases; e Caminhos do Peabiru, ligando o Parque Nacional do Iguaçu (PR) ao litoral paranaense.
Patrimônio Cultural da Humanidade
De acordo com um dos coordenadores do projeto Caminhos do Planalto Central, João Carlos Machado, o trabalho constrói uma nova experiência na capital brasileira. “São centenas de quilômetros que ligam regiões de ecoturismo com a de Patrimônio Cultural da Humanidade”, diz.
Segundo João, o projeto é composto por três arcos que irão integrar todas as regiões do DF ao Caminho dos Goyases – cujo nome faz linda referência aos índios Goyá que habitavam a região antes dos bandeirantes.
Coletivo
A construção do Caminhos do Planalto Central contou com a participação de grupos de caminhadas, de ciclismo e de cavalgadas.
Todo o trabalho foi realizado em parceria com o Brasília Ambiental (Ibram) e com o ICMBio para integrar as ideias de preservação, turismo sustentável e geração de emprego e renda na capital do país.
Rebas do Cerrado
“A comunidade também deve participar da manutenção das trilhas, senão elas morrem”, diz Márcio Bittencourt, um dos coordenadores do Rebas do Cerrado – histórico e popularíssimo grupo de mountain bikers de Brasília que está na origem do projeto.
“A ideia é que as trilhas sejam cada vez mais conhecidas, valorizadas e conservadas; é criar corredores ecológicos para unir várias unidades de conservação”, reitera.
Márcio trabalha com paixão: apenas na manhã de ontem, sinalizou sozinho 15 quilômetros de trilha para o projeto.
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