Lula recebeu propina em caixa de uísque, diz Palocci em delação
Depoimento do ex-ministro foi prestado em 13 de abril de 2018 e anexado nesta quinta-feira (17) ao inquérito da PF sobre a Usina de Belo Monte
Brasil|Thais Skodowski, do R7
O ex-ministro Antonio Palocci afirmou que fez várias entregas de dinheiro em espécie, de origem de propina da Odebrecht, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações são parte de um termo de delação que Palocci fechou com a PF (Polícia Federal) de Curitiba.
De acordo com Palocci, Lula pediu “cerca de oito a nove vezes valores em espécie” e os valores chegavam a 80 mil reais. Ainda segundo o ex-ministro, ele levou o dinheiro para o ex-presidente dentro da aeronave presidencial.
Em uma das vezes, o delator foi até o Aeroporto de Congonhas entregar o valor que estava dentro de uma caixa de uísque. Em outro momento, o ex-ministro afirma que "levou 50 mil reais em espécies a Lula no Terminal da Aeronáutica em Brasília/DF, durante a campanha de 2010, dentro de uma caixa de celular".
O depoimento de Palocci ocorreu no dia 13 de abril de 2018, na Superintendência da PF, em Curitiba. Em junho do ano passado, a delação foi homologada pelo TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Nesta quinta-feira (17), o termo foi anexado ao inquérito da Polícia Federal sobre a Usina de Belo Monte.
Em nota, o advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin, informou que “Palocci produziu mais uma narrativa mentirosa e mirabolante contra Lula em troca de benefícios negociados clandestinamente com agentes do Estado objetivando produzir resultados políticos contra o ex-presidente. É a mesma sistemática denunciada pela defesa de Lula ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em 2016 e que aguarda julgamento perante aquela instância internacional".
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Ele também considerou que é "manifestamente ilegal o vazamento desse depoimento prestado à Polícia Federal, situação que deve merecer pronta iniciativa do Diretor-Geral do órgão e do Ministro da Justiça e Segurança Pública para investigação e punição dos envolvidos”.
Tríplex do Guarujá
Na delação, Palocci afirma que Lula não tinha nenhum constrangimento em receber "financiamento ilícito e contribuições empresariais vinculadas ou não a projetos". Ele também disse que questionou por qual motivo o ex-presidente, durante o andamamento da Lava Jato, não quis pagar o tríplex do Guarujá, no litoral nde Paulo, com próprios recursos.
— Por que você não pega o dinheiro de uma palestra e paga o seu tríplex?, perguntou Palocci.
— Um apartamento na praia não cabe em minha biografia,respondeu Lula.
O ex-presidente foi condenado, em segunda instância, a 12 anos e um mês de prisão, por corrupção passiva
O tríplex foi o motivo da condenação de Lula, em segunda instância, a 12 anos e um mês de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. De acordo com a Justiça, o ex-presidente recebeu o apartamento da empreiteira OAS, como uma recompensa pelo esquema de corrupção na Petrobras. A defesa do ex-presidente sempre negou que o apartamento fosse de Lula.
Dilma x Lula
Palocci ainda disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) "deu uma corda para o aprofundamento das investigações" da Lava Jato, porque "isso sufocaria e implicaria Lula".