Campanha é campanha, governo é governo. Esse período de transição para a gestão petista que assume em janeiro, porém, quebrou todos os recordes. Antes mesmo de assumir, Lula já está desdizendo suas promessas eleitorais. Tratadas como um escândalo e como “o maior esquema de corrupção da história do país”, as emendas de relator, também conhecidas como orçamento secreto, receberam do candidato do PT toda a artilharia pesada possível, além do compromisso de que ele não governaria nesses termos com o Congresso. Palavras. O “toma lá dá cá” — ou, na expressão de Lula, “a maior excrescência política orçamentária do país” — não mais incomoda o agora ex-candidato. E continuará como moeda de troca com deputados e senadores, ainda mais diante do já anunciado Projeto de Emenda Parlamentar sugerida pela equipe de transição, a PEC Fura-Teto de Gastos, versão turbo, estimada em R$ 170 bilhões. O relator do Orçamento no Congresso Nacional, senador Marcelo Castro (MDB-PI), aliado do futuro governo, confirmou que a discussão sobre o fim das emendas nem sequer entrou no radar da equipe de transição. O argumento para esse recuo resume-se a dizer que não é hora de entrar em um “embate” com o Congresso. Assim, as coisas continuam como estão. Alguns vão chamar isso de pragmatismo. Mas é só hipocrisia política mesmo.