Manifestantes fazem atos contra "onda golpista" após protestos contra Dilma
Brasil|Do R7
SÃO PAULO (Reuters) - Manifestantes realizaram nesta quinta-feira atos em várias cidades brasileiras "em defesa da democracia e contra a onda golpista na política brasileira", quatro dias após grandes protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff.
Os organizadores estimam que cerca de 60 mil pessoas se reuniram em São Paulo no fim da tarde. A Polícia Militar não estimou o número de manifestantes.
"Não é e nem será um ato a favor do governo. Nosso posicionamento é contra o ajuste fiscal", disse o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, durante ato no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo.
No Rio de Janeiro, o protesto ocorreu no centro da cidade e reuniu centenas de pessoas. Os manifestantes carregavam faixas de partidos e centrais sindicais durante a caminhada entre a Candelária e a Cinelândia, dois pontos políticos históricos do país, e gritavam "não vai ter golpe" e "não vai ter impeachment".
Segundo grupos que organizaram os protestos, entre eles a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as manifestações são em defesa dos direitos sociais, da liberdade e da democracia, "contra a ofensiva da direita e por saídas populares para a crise".
Esses grupos se dizem contra o ajuste fiscal promovido pelo governo Dilma e defendem o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados.
Nesta quinta-feira, Cunha foi denunciado pelo Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento nas irregularidades investigadas pela operação Lava Jato.
A notícia da denúncia contra Cunha repercutiu no ato carioca e os manifestantes gritaram "fora Cunha" durante a caminhada.
Um forte esquema policial foi montado no centro do Rio e policiais militares acompanharam toda a manifestação, sem estimar o número de pessoas. A CUT Rio falou em cerca de 15 mil a 20 mil.
Os protestos desta quinta-feira ocorrem quatro dias depois que centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades do país pedindo o impeachment de Dilma e com palavras de ordem contra o PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a corrupção e em apoio ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção envolvendo empresas estatais, órgãos públicos, empreiteiras e políticos.
(Por Tatiana Ramil, com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)