Moro diz que ministro Ramos tentou impedir sua demissão
Ex-ministro disse que recebeu uma ligação do general “indagando se seria possível uma solução intermediária” após reunião com Bolsonaro
Brasil|Alexandre Garcia e Márcio Neves, do R7
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro afirmou durante seu depoimento de mais de 8 horas à PF (Polícia Federal) que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, tentou reverter sua decisão de deixar o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Moro afirma que a decisão de pedir demissão aconteceu durante a reunião em que foi comunicado por Bolsonaro sobre a troca de Maurício Valeixo por Alexandre Ramagem no comando da PF.
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De acordo com Moro, a exoneração seria aceita "se houvesse uma causa, como uma insuficiência de desempenho ou erro grave, mas não havia nada disso". Ele disse que pediu que "seria obrigado a sair e a declarar a verdade sobre a substituição" se Bolsonaro reconsiderasse a decisão. "o presidente lamentou, mas disse que a decisão estava tomada", relata.
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Ao deixar a reunião, Moro conta que recebeu uma ligação do ministro Ramos “indagando se seria possível uma solução intermediária” com a nomeação de um nome aprovado por ele.
Moro diz que retornou à ligação para concordar com a sugestão, mas ressaltou que seria a única mudança e que não concordava com a troca pretendida do superintendente da Superintendência do Rio de Janeiro. "Ramos ficou de levar a questão ao presidente e de retornar, mas não o fez", relata o ex-ministro.
Ele reafirma que não assinou o decreto de exoneração do Maurício Valeixo, o que motivou a manutenção da sua decisão tomada no dia anterior de deixar o comando do ministério.