Mourão despista sobre Pazuello, mas admite 'situação muito difícil'
Vice-presidente diz não ter falado com ministro da Saúde, que corre risco de ser demitido do cargo ainda nesta segunda por Bolsonaro
Brasil|Daniel Trevor, da Record TV em Brasília
O vice-presidente da República, Hamílton Mourão, evitou falar sobre o futuro do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que corre o risco de ser demitido do cargo, ainda nesta segunda-feira (15), pelo presidente Jair Bolsonaro.
Mourão elogiou as qualidades do militar, mas admitiu que o país vive uma "situação muito difícil".
"A realidade é que a gestão do Pazuello vem sendo muito criticada, muito contestada. Pazuello tem demonstrado a resiliência que eu sei que ele tem [...]. Eu tenho muita confiança no Pazuello, eu o conheço há muito tempo. Agora é uma situação muito difícil pela característica do nosso país, pela característica desse vírus, pela forma como o país encarou isso aí tudo", afirmou.
A pressão pela saída de Pazuello aumentou no final de semana, depois que o Centrão, bloco que partidos que dá suporte ao Palácio do Planalto dentro da Câmara dos Deputados, iniciou uma campanha para substituir o chefe da Saúde. A razão é a condução da crise nos hospitais do país e a disseminação do coronavírus no país.
Logo depois de dizer que não conversou com Pazuello, Mourão enfatizou o comportamento da população, que não colabora com as medidas de distanciamento social e, assim, ajudam a agravar a pandemia no Brasil.
"A nossa população não gosta de respeitar regras. Não é da natureza do nosso povo, [que é] mais libertário, gosta de circular pelas ruas, gosta de fazer festa e, no momento em que você tem que passar dois, três meses sem poder usufruir desses prazeres da vida, são poucos que osaguentam", explicou.
Possível substituta
O principal nome cotado para ocupar o lugar de Pazuello no Ministério da Saúde é o da médica cardiologista Ludhmilla Hajjar, que trabalha na rede Vila Nova Star e é professora associada da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). Mourão disse não conhecer pessoalmente a candidata, mas informou que já ouviu falar sobre o currículo dela.
"Eu não conheço a Dra. Ludhmilla pessoalmente. Só de ouvir falar. Ele tem tratado inúmeras pessoas, inclusive o presidente do meu partido Levi Fidelis, que está internado lá em São Paulo, está sendo tratado por ela. Eu sei que ela tem uma competência como médica, não sei como gestora", destacou.
O vice explicou sobre a importância de o novo ocupante do cargo, em caso de demissão de Pazuello, entender também de política -- não só de medicina. "O cargo sempre será um cargo político. Um cargo de ministro é um cargo político. Tudo depende dos técnicos que a pessoa vai se cercar. A gente sabe que, aí no Congresso, tem alguns políticos que têm experiência no Sistema Único de Saúde, que é, na minha visão, requisito importante", encerrou.