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MPF denuncia agentes da ditadura por desaparecimento de militante

O policial Walter Lang, o delegado Cyrino Francisco de Paula e o investigador Dirceu Gravina respondem pelo sequestro de Aylton Adalberto Mortati

Brasil|Alexandre Garcia, do R7

Militante do Molipo, Aylton Mortati desapareceu em 1971
Militante do Molipo, Aylton Mortati desapareceu em 1971

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou nesta terça-feira (27) três ex-agentes da ditadura militar pelo desaparecimento do militante político do Molipo (Movimento de Libertação Popular) Aylton Adalberto Mortati, em 1971.

O policial Walter Lang, o delegado Cyrino Francisco de Paula Filho e o investigador Dirceu Gravina são acusados pelo sequestro de Aylton.

De acordo com o MPF, o trio estava a serviço do DOI (Departamento de Operações de Informações) do II Exército, na capital paulista. O local era considerado "um dos mais ativos centros de perseguição política, tortura e morte durante a ditadura militar".

Além da condenação dos envolvidos, o MPF pede que a Justiça considere circunstâncias agravantes no momento do julgamento dos agentes, como o abuso de autoridade e a manutenção clandestina da vítima em prédio público federal.


O crime

A investigação aponta que os agentes Walter Lang e Cyrino Francisco de Paula vigiaram a rotina do militante durante um mês, até que o abordaram no início de novembro de 1971 nas imediações da casa de Aylton, na Vila Prudente, zona leste de São Paulo.


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Preso, o ativista foi levado ao DOI, onde a equipe chefiada por Dirceu Gravina o submeteu a sessões de tortura. Ele nunca mais foi visto, nem seu corpo, encontrado.

O monitoramento das atividades de Aylton se intensificou meses antes, quando ele retornou de uma viagem a Cuba. Documentos oficiais da época demonstram que o líder do Molipo era um dos alvos da chamada Operação Ilha, destinada à eliminação de militantes recém-chegados de treinamentos no país comunista.


Pouco depois de seu desaparecimento, relatórios internos dos órgãos de repressão já indicavam que o ativista havia sido morto. Apesar das evidências, o regime militar nunca admitiu ter efetuado a prisão e manteve a versão de que Aylton estava “foragido”.

Segundo o procurador da República Andrey Borges Mendonça, autor da denúncia, "inúmeros documentos comprovam que Aylton era perseguido pelos militares". "Os órgãos da repressão nutriam especial interesse nas atividades dele [Aylton], haja vista sua liderança e treinamento de guerrilha", afirma.

Confissão

Em entrevista para o livro A Casa da Vovó, do jornalista Marcelo Godoy, Walter Lang admitiu ter participado, ao lado de Cyrino de Paula Filho, do episódio que resultou na prisão do militante. O MPF afirma que ele confirmou a versão em seu depoimento.

A responsabilidade de Dirceu Gravina, por sua vez, foi constatada a partir de relatos de outras pessoas presas no DOI na época. Segundo os testemunhos, o então delegado chegou a gabar-se de ter “barbarizado” Aylton, uma referência expressa às sessões de tortura.

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