'Não há risco de crise cambial no Brasil', diz presidente Michel Temer
Em entrevista, presidente negou qualquer possibilidade de tabelamento de preços na economia brasileira, seja de combustíveis ou outros produtos
Brasil|Agência Brasil, com R7
O presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira (7) em entrevista à TV Brasil, que o governo tem todas as condições para enfrentar a alta do dólar. “Não há risco de crise cambial no Brasil”, avaliou.
Segundo Temer, o país dispõe de uma reserva de US$ 380 bilhões e uma dívida muito inferior a este valor, além de manter sob controle o ajuste fiscal e continuar recebendo investimentos de empresas estrangeiras.
O presidente destacou ainda que não é apenas o Brasil que está sentindo os efeitos da valorização do dólar e da subida dos juros nos Estados Unidos, mas vários países, destacando México, Argentina e Colômbia.
Nesta quinta-feira (7), a moeda norte-americana ultrapassou a barreira de R$ 3,90.
Temer também disse não acreditar que a incerteza do quadro eleitoral traga riscos para a economia brasileira. Ele defendeu que o eleitor examine o programa do candidato.
"Acho que o voto será no programa; não na pessoa", afirmou. Segundo Temer, os pré-resultados das pesquisas causam "preocupações nas pessoas", mas avalia que os candidatos terão cautela e saberão se conduzir ao longo da campanha.
O presidente ainda afirmou que a reforma da Previdência precisará ser debatida e continuará no horizonte dos governantes. "Falar contra as reformas traz instabilidade para o mercado", declarou. "Eu acho que pouco a pouco os candidatos vão ver que é importante a continuidade do nosso programa de governo".
Tabelamento de preços
Na entrevista, o presidente negou qualquer possibilidade de tabelamento de preços na economia brasileira, seja de combustíveis ou outros produtos e serviços. “De jeito maneira [faremos tabelamento de preços]", respondeu.
Com o fim da paralisação dos caminhoneiros, Temer afirmou que o governo trabalha agora para que o desconto de R$ 0,46 sobre o litro do diesel chegue às bombas. O presidente disse que os próprios caminhoneiros já estão fiscalizando a aplicação do desconto pelos postos.
O presidente classificou como “dramática” a paralisação dos caminhoneiros - que provocou desabastecimento de combustível, alimentos e medicamentos em quase todo o país. Ele observou que “os rescaldos” da greve ainda estão sendo sentidos pela população, e destacou que em nenhum momento houve violência por parte das forças de segurança do governo.
Temer rebateu ainda o que os críticos chamaram de “fragilidade” de seu governo na negociação. Segundo ele, essa “fragilidade” é, na verdade, a opção pelo diálogo. “Vou repetir que o Brasil precisa aprender a conviver com o diálogo e a democracia. E eu não saio desse padrão”, afirmou. “Fomos até onde deu na greve, mas mantendo o ajuste fiscal”, completou.
Ele também anunciou que a Casa Civil e o Ministério dos Transportes estão estudando "uma adaptação à tabela dos preços mínimos do frete" para que os caminhoneiros tenham condições de trabalho, sem que a economia seja abalada.
Temer garantiu que o acordo feito com os caminhoneiros não será desconsiderado. O presidente lembrou que a tabela da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já existia, mas não estava sendo colocada em prática porque havia uma oferta grande de fretes, graças ao número de caminhões disponíveis, após a retração da economia. "Mas isso não foi no meu governo", destacou.