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Pazuello: 'Bolsonaro nunca mandou cancelar compra do Butantan'

Ex-ministro da Saúde afirmou na CPI da Covid que declarações ou postagens do presidente contra a CoronaVac não viraram ordens

Brasil|Do R7

Pazuello diz que bronca pública foi brincadeira
Pazuello diz que bronca pública foi brincadeira

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello declarou na CPI da Covid, do Senado Federal, que o presidente Jair Bolsonaro jamais o obrigou a cancelar qualquer compra de vacinas do Instituto Butantan ou pediu para ele não dar andamento a essas aquisições.

Mais cedo, ele havia dito que Bolsonaro nunca o obrigou a nada durante a pandemia de covid-19

O general da ativa do Exército tentou explicar o que ocorreu em outubro de 2020, quando após inúmeras declarações do presidente, o Ministério da Saúde teve de voltar atrás em uma afirmação feita a governadores de que compraria 46 milhões de doses da CoronaVac, imunizante desenvolvido em parceria pelo Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. 

Segundo ele, o anúncio de compra foi um engano seu.


"Na reunião do dia 20, com todos os governadores, estávamos discutindo o PNI (Programa Nacional de Imunização) e a compra de vacinas. Eu tinha assinado no começo de outubro a carta de intenções com o Butantan de compra de 46 milhões de doses. Na verdade, não era um contrato, eu não tinha as disposições legais para fazer assinar ainda."

Bolsonaro confirma que vai cancelar compra de vacina chinesa da covid


Segundo o ex-titular da pasta da Saúde, as disposições legais só foram dadas com uma medida provisória aprovada no início de 2021 pelo Congresso Nacional. "Não havia condições de negociar o contrato, mas nós vínhamos conversando com o Butantan."

Depois dessa reunião, segue Pazuello, houve um vídeo gravado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), no qual ele comemorava a compra das vacinas. "E isso causou uma reação na discussão", comentou, em alusão à forma como Bolsonaro recebeu a live do desafeto político.


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A reação de Bolsonaro culminou em um vídeo publicado nas redes sociais do presidente no qual Pazuello afirma que cabia a ele apenas obedecer às ordens do chefe.

"Naquele momento eu estava com covid e o presidente foi me visitar. Quando ele chegou [em casa] a discussão era aquela [a repercussão do vídeo de Doria]. Então, aquilo era só um jargão militar, era só uma posiçao de internet. E mais nada. Ele manda e eu obedeço. Aquilo era uma decisão simplória para discussões de internet", observou.

"O presidente nunca me mandou desfazer qualquer contrato ou acordo com o Butantan. Em nenhuma vez", reforçou o ex-ministro.

Com a insistência do relator da CPI Renan Calheiros (MDB-AL) sobre se concordava ou não com as declarações do presidente contrárias às compras da CoronaVac, publicadas em redes sociais e ditas em conversas com apoiadores em Brasília e em entrevistas, o ex-ministro fugiu da resposta.

"Ele pode ter falado para não comprar, mas para mim ele nunca disse nada. Ordem eu não recebi. Declaração em rede social ou falas do presidente não são ordens."

Pazuello justificou ainda que o presidente da República "fala como chefe de Estado, mas também como agente político".

"Quando ele recebe uma posição de um agente político de São Paulo, ele se posiciona como agente político também.

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