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Pazuello culpa Governo do Amazonas por colapso no estado

Ex-ministro afirmou que administração local não se atentou à falta de oxigênio e ainda fechou hospital de campanha em Manaus

Brasil|Do R7

Pazuello tem mais um dia de depoimento na CPI
Pazuello tem mais um dia de depoimento na CPI

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello culpou o Governo do Amazonas pelo colapso sanitário ocorrido no estado em janeiro de 2021. O general da ativa do Exército faz seu segundo dia de depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (20).

De acordo com Pazuello, a Secretaria Estadual de Saúde não percebeu a queda na oferta de oxigênio no início deste ano e o governo local ainda fechou em 2020 um hospital de campanha em Manaus que ficou apenas três meses em funcionamento.

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O primeiro dos 24 senadores inscritos para fazer perguntas neste segundo dia de oitiva foi Eduardo Braga (MDB-AM).

O senador mostrou uma matéria do jornal A Crítica, da capital do Amazonas, de 6 de janeiro, na qual se fala que empresas adotavam medidas emergenciais para evitar o fim do oxigênio em Manaus. "Todas as autoridades deveriam saber disso também", declarou o parlamentar.


"Nessa mesma matéria, diz que houve um acréscimo de 340% em internações em UTIs e leitos clínicos de covid de dezembro para janeiro", prosseguiu.

Segundo Braga, a reportagem cita ter procurado a Secretaria de Estado da Saúde, que teria afirmado que não havia falta de oxigênio no Amazonas.


Pazuello disse que ficou claro para ele que a pasta estadual da Saúde "não tinha como foco o acompanhamento do insumo fornecido". E voltou a dizer que só tomou conhecimento do problema depois que ele havia ocorrido.

"A empresa White Martins, que é a grande fornecedora de oxigênio, já vinha consumindo sua reserva estratégica e também não foi clara em relação a isso", disse o ex-ministro.


"Mas se a Secretaria de Saúde [do estado] tivesse acompanhado de perto, teria descoberto que estava sendo consumida uma reserva estratégica."

Ele citou mais tarde à comissão que o governo federal descartou uma intervenção da União no Estado do Amazonas em janeiro, no auge do colapso do oxigênio. Pazuello garantiu que o assunto foi discutido em uma reunião com vários ministros e na qual estava também o presidente da República Jair Bolsonaro. 

O pedido de intervenção foi feito pelo senador do estado, Eduardo Braga (MDB)

O general do Exército negou qualquer culpa do governo federal no colapso da falta de oxigênio no Amazonas. "Da nossa parte, nós fomos muito proativos quando tomamos conhecimento."

Braga fez a réplica. "Fez nada, porque o senhor não providenciou avião para buscar oxigênio na Venezuela. Nem o senhor nem ninguém, e o que aconteceu? Vidas se perderam em razão da covid."

Pazuello afirmou ainda que não coube ao Ministério da Saúde o fechamento do hospital de campanha de Manaus Nilton lins, aberto em abril e fechado em junho de 2020. 

"Tanto a abertura quanto o fechamento foram determinados pelo Governo do Estado do Amazonas."

Na quarta-feira (19), em seu depoimento de mais de sete horas, Pazuello entrou em contradição ao dizer que soube da crise em Manaus no dia 10 de janeiro, mas foi confrontado com um ofício, no qual o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, afirma que a pasta soube dos problemas de oxigênio no Estado na noite do dia 7 de janeiro, em uma conversa com o secretário de Saúde do Amazonas.

Plataforma que defenderia cloroquina foi roubada

O general voltou a dizer que a sugestão de criar o aplicativo TratCov, que facilitaria o diagnóstico de covid-10 partiu da secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro.

"É bom colocar que o diagnóstico clínico, no caso em Manaus, era muito necessário pela velocidade e contaminação excessiva. Temos que separar a ideia do projeto com o que foi feito. A ideia é uma calculadora que facilite o diagnóstico. O médico coloca os sintomas observados e vai colocar em números, pesos, e vai sugerir o diagnóstico. É um auxílio do médico para tratar mais rapidamente as pessoas que não tinham atendimento" , defendeu Pazuello.

Ele explicou que entre 6 e 11 de janeiro, "inclusive no final de semana", a equipe do ministério pegou uma base da internet e jogou os parâmetros dos sintomas da covid dentro dessa calculadora. "Foi feita pela necessidade de tempo para atender Manaus, a gente queria levar alguma coisa mais rápida para lá. No dia 10, embarcamos para lá."

Pazuello admitiu que o desenvolvimento do TratCov não estava completo quando foi apresentado. "Naquele dia que foi apresentado, foi feito um roubo dessa plataforma e foi feito um BO [boletim de ocorrência]. Foi roubado. Ele foi hackeado por um cidadão. Tem uma investigação que chega nesse cidadão, ele foi descoberto, pegou o diagnóstico, alterou dados e colocou na rede pública.

De acordo com o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), a plataforma sugeria uso de cloroquina para grávidas e crianças e acrescentou que o hacker deveria ser tão influente que chegou a colocar propaganda do TratCov na TV Brasil.

Sessão de quarta-feira

Pazuello respondeu a todos os questionamentos na quarta-feira blindando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de responsabilidade em qualquer erro durante a pandemia.

O ministro também negou as principais acusações contra sua gestão, como a de que a pasta teria ignorado ofertas da Pfizer por meses e que houve omissão do governo federal no colapso hospitalar de Manaus.

O primeiro dia da oitiva de Pazuello foi interrompido inicialmente por causa das votações no plenário do Senado. No retorno dos parlamentares, constatou-se que o ex-ministro havia passado mal e teve de ser atendido por Otto Alencar (PSD-BA), senador que também é médico.

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