Pazuello diz que tomou todos os remédios oferecidos contra a covid
Ex-ministro da Saúde afirmou na CPI da Covid que sua gestão não sofreu pressão por fabricação ou distribuição de cloroquina
Brasil|Do R7
O general do Exército e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello declarou nesta quarta-feira (19) à CPI da Covid que tomou não só cloroquina quando foi infectado pelo novo coronavírus, mas todos os remédios que foram oferecidos a ele.
"Tomei tudo que se pode tomar quando se pega a doença", disse o ex-titular da Saúde.
"Se alguém falasse para tomar água benta, eu teria tomado", acrescentou, depois de quatro horas de depoimento na comissão e um pouco antes do intervalo de 30 minutos para almoço.
Percebendo que talvez não pegasse bem para um ex-ministro da Saúde a automedicação, emendou: "A gente tem uma posição na gestão e tem outra como ser humano".
O ex-ministro pegou covid-19 em outubro de 2020.
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Questionado especificamente se tomou cloroquina, ele voltou a dizer que "entre os diversos remédios que foram oferecidos para mim, tomei todos".
Pazuello declarou que sua pasta não estimulou a entrega de cloroquina ou de hidroxicloroquina para o tratamento de covid. "A gente só atendia às demandas de Estados e municípios, não havia planejamento [para distribuir o remédio}."
O general da ativa do Exército acrescentou que 'a distribuição de cloroquina é normal para malária, não para covid". "Aliás, eu sou contra o uso de qualquer medicamento sem prescrição médica."
O ex-ministro afirmou que a decisão de fabricar cloroquina no Exército ocorreu em março, antes de sua entrada na pasta da Saúde.
Pressão zero
Ele, como tem feito em todo o seu depoimento à CPI, fez questão de dizer que não houve pressão do Palácio do Planalto também em relação ao estímulo do uso cloroquina.
"Eu não recebi pressão alguma. Não ouvi do ministro Nelson Teich que ele saiu por pressão do presidente da República. Eu estava lá e não ouvi."
Teich diz que não tinha autonomia ou liderança à frente da pasta
Pazuello analisou que a defesa do tratamento precoce tornou-se necessária para salvar vidas na pandemia.
"O atendimento ao paciente está descrito na nota técnica [do Ministério da Saúde] de forma clara, [é preciso] buscar o atendimento o mais rápido possível para que o médico faça o diagnóstico e defina sua conduta."
Sobre a tal nota técnica de sua pasta, que mudou o protocolo de uso da cloroquina de casos graves para leves e moderados, Pazuello deu mais detalhes.
"A partir do conhecimento da pesquisa feita em Manaus no final de março [teriam morrido 22 pessoas em estado grave de covid que tomaram o medicamento], nós nos sentimos obrigados a fazer uma informação nacional alertando que não havia a comprovação científica para o uso da hidroxicloroquina", lembrou.
."Alinhávamos com o CFM (Conselho Federal de Medicina) e colocávamos de forma clara que o médico seria soberano na prescrição de qualquer medicamento.. E que era público e notório que estava sendo usado de forma off-label (fora da bula) no Brasil e no mundo. Caso o médico desejasse prescrever, em consenso com seu paciente, deveria estar atento para receitar doses seguras, desde que não usasse na fase inflamatória [grave]."
Na visão do ex-ministro, se ele não corrigisse essa nota da gestão de Luiz Henrique Mandeta, ele estaria prevaricando.
"Mas não sugeri o uso da hidroxicloroquina nenhuma vez. Ela [nota técnica] não recomenda, ela faz um alerta, apenas orienta doses seguras caso o médico prescreva, isso não é uma recomendação nem um protocolo", finalizou.