Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Pelo menos 26 mil doses de vacina vencida foram aplicadas no país

Levantamento mostra que 1.532 municípios utilizaram imunizantes expirados da AstraZeneca. Ministério da Saúde nega envolvimento

Brasil|Do R7

A vacina da AstraZeneca é a mais usada contra a covid no país atualmente, respondendo por 57% de toda a imunização
A vacina da AstraZeneca é a mais usada contra a covid no país atualmente, respondendo por 57% de toda a imunização A vacina da AstraZeneca é a mais usada contra a covid no país atualmente, respondendo por 57% de toda a imunização

Um cruzamento de dados feito em duas bases de informações diferentes do Ministério da Saúde aponta que pelo menos 26 mil doses vencidas da vacina contra covid-19 da AstraZeneca foram aplicadas no Brasil, segundo notícia publicada nesta sexta-feira (2) pelo site da Folha de S.Paulo. De acordo com a reportagem, os imunizantes fora do prazo seriam provenientes de lotes importados da Índia pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ou adquiridos por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

O Ministério da Saúde informou ao R7, por meio de nota, que nenhuma dose de vacina é entregue aos estados e Distrito Federal vencida. "A pasta acompanha rigorosamente todos os prazos de validade das vacinas covid-19 recebidas e distribuídas pela pasta." Acrescentou, ainda, que "cabe aos gestores locais do SUS o armazenamento correto, acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses, seguindo à risca as orientações do ministério".

Conforme a reportagem, que compilou dados até 19 de junho, os imunizantes que tiveram prazo de validade expirado foram utilizados em 1.532 municípios brasileiros. A cidade campeã de vacinas vencidas foi Maringá (PR), com a vacinação de 3.536 pessoas, seguida por Belém (PA), com 2.673; São Paulo, 996; Nilópolis (RJ), 852; e Salvador (BA), com 842. A Folha cita que as demais cidades tiveram menos de 700 pessoas vacinadas com imunizante vencido, ressaltando que a maioria não passou de 10 doses cada.

Leia também

Segundo a reportagem, outras 114 mil doses da vacina AstraZeneca foram distribuídas pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios com prazo de validade vencido, embora não seja possível saber se elas foram aplicadas. O ministério nega.

Publicidade

No momento, a vacina da AstraZeneca é a mais usada contra a covid no país, respondendo por 57% de toda a imunização.

Novo ciclo vacinal

Publicidade

O Ministério da Saúde esclareceu ainda que, segundo a orientação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses. O vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local.

Veja o que responderam ao R7 o governo de São Paulo e as prefeituras responsáveis pelo maior número de aplicação de vacinas vencidas:

Publicidade

São Paulo

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que, embora todos os lotes sejam distribuídos dentro do prazo de validade, foi possível identificar, por meio da plataforma VaciVida (sistema online que permite o monitoramento dos vacinados) 4.772 registros em 315 municípios que sugerem aplicações dos imunizantes da AstraZeneca após o vencimento.

"A pasta está informando as prefeituras, que são as responsáveis pela aplicação das vacinas, para realizar busca ativa desta população. Cada prefeitura pode consultar os dados da sua cidade no VaciVida e identificar o munícipe que eventualmente tenha recebido uma vacina vencida. Caso seja uma situação de erro de digitação do lote ou de data de aplicação, os municípios também podem realizar a correção na plataforma", diz a nota.

A Secretaria de Saúde informou, ainda, que quem tiver dúvida com relação à validade do imunizante da Astrazeneca que recebeu deve procurar a unidade de saúde em que foi vacinada. Além disso, se o cidadão identificar uma data ou lote divergente da carteirinha em papel em relação ao digital, deve procurar o serviço municipal para emissão de um novo documento impresso.

Maringá (PR)

Em nota, o secretário da Saúde de Maringá, Marcelo Puzzi, explica: “O lançamento no Sistema Conect SUS está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento. Concluindo, não houve vacinação de doses vencidas em Maringá e sim erro no sistema do SUS.”

Belém (PA)

A Prefeitura de Belém informou que não aplicou nenhuma dose de vacina vencida. "Não procedem e são equivocadas, portanto, as informações da reportagem veiculada no jornal Folha de São Paulo", diz nota enviada ao R7. "O Ministério da Saúde reconhece que erros nos sistemas de registro podem ocorrer e, por conta disso, abriu o sistema para correções. Essas correções identificaram um atraso de registro no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), do Ministério da Saúde (MS)."

No dia 2 de fevereiro de 2021, segundo a Prefeitura de Belém, um total de 9.910 doses do lote 4120Z005, com validade para o dia 14 de abril de 2021,foi recebido na câmara fria. O referido lote foi completamente utilizado dentro do prazo de validade.

Nilópolis (RJ)

A Secretaria de Saúde de Nilópolis informou que já instaurou sindicância para apurar os fatos denunciados. Iniciou também um levantamento das pessoas que supostamente teriam tomado as doses das vacinas dos lotes que estariam fora da validade. Caso se confirme a aplicação de vacinas fora da validade, informou a secretaria, as pessoas serão imediatamente convocadas a tomar a nova dose do imunizante, no prazo de 28 dias, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19.

Demais cidades

O R7 aguarda o posicionamento da Prefeitura de Salvador.

Sociedade Brasileira de Imunizações

A SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) afirmou que as secretarias de saúde e o PNI (Programa Nacional de Imunizações) devem apurar o ocorrido e verificar se as doses de fato foram aplicadas após o vencimento ou se houve inconsistência de informação.

Caso a falha na aplicação das vacinas seja confirmada, todos os que receberam as doses devem ser chamados para reaplicação, observando os 28 dias de intervalo mínimo previsto no PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19).

A entidade aponta que a administração de dose vencida não implica risco à saúde. No entanto, como não há certeza se pode haver prejuízo a eficácia, recomenda-se repetir a dose. Ainda não é possível afirmar se a dose adicional aumenta o risco de eventos adversos.

(Com informações da Reuters)

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.