PF estoura quadrilha que envolvia empresas-fantasmas de Foz do Iguaçu e traficantes do Paraguai
Operação Sustenido desmantelou organização criminosa suspeita de movimentar R$ 300 mi
Brasil|Do R7
A PF (Polícia Federal) prendeu nesta quinta-feira (22) uma quadrilha internacional que atuava em Foz do Iguaçu (PR) e é suspeita de movimentar R$ 300 milhões em negócios ilegais envolvendo empresas-fantasmas e “de fachada” no Brasil e no Paraguai desde 2011.
Realizada em parceria com a Receita Federal, a Operação Sustenido da PF indicou que o grupo praticou os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O grupo é suspeito de atender a organizações criminosas de contrabando, sequestro e tráfico de drogas com o esquema.
De acordo com a investigação, a quadrilha tinha o apoio de funcionários de instituições financeiras de Foz do Iguaçu, além de dezenas de pessoas físicas que, em troca de remuneração, emprestaram seus nomes para a constituição de, ao menos, 46 empresas fictícias.
Leia mais notícias de Brasil e Política
Ao todo, foram nove meses de investigação, que apurou que o responsável pelas 46 empresas-fantasmas e “de fachada” pagava boletos bancários de duas grandes empresas de Foz do Iguaçu (PR).
Como compensação, os proprietários dessas empresas ofereciam o valor correspondente ao pagamento dos boletos numa outra grande empresa deles, sediada no Paraguai — uma sociedade anônima paraguaia, segundo a PF.
No país vizinho, o dinheiro correspondente ao pagamento dos boletos era transferido da sociedade anônima para uma casa de câmbio de Punta Del Este (Paraguai) e, em seguida, desta para lojistas e traficantes paraguaios.
Após receber o dinheiro, os traficantes e comerciantes do Paraguai enviavam mercadorias e drogas para os empresários e traficantes brasileiros que haviam remetido o dinheiro para as 46 empresas fictícias.
O nome da operação é uma referência à teoria musical, visto que o “sustenido” é uma nota intermediária entre duas outras notas e, assim como o “sustenido”, a organização criminosa desarticulada representava um grupo intermediário, mais precisamente um elo entre o Brasil e o Paraguai.
A organização era responsável por lavar vultosa soma de dinheiro ilegal enviada por diversas pessoas físicas e jurídicas dos mais diversos Estados do Brasil e também se incumbia de enviar esse mesmo dinheiro para o Paraguai.
A PF informou que a operação conta com 140 agentes e 22 servidores da Receita Federal. Estão sendo cumpridos seis mandados de prisão preventiva, 28 mandados de prisão temporária, seis mandados de condução coercitiva e 43 mandados de busca e apreensão nas cidades de Foz do Iguaçu (PR) e Medianeira (PR).
Os suspeitos serão processados pelos crimes de organização criminosa transnacional, fazer/operar instituição financeira sem autorização, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.