PF faz operação contra fraude na área da saúde do Rio e prende ex-secretário de Cabral
Sérgio Côrtes e mais 2 são alvos da PF e vão responder por corrupção, quadrilha e lavagem
Brasil|Do R7, com Estadão Conteúdo
A PF (Polícia Federal) iniciou nesta terça-feira (11), no Rio de Janeiro, a Operação Fratura Exposta, que visa acabar com um esquema de fraudes na compra de próteses para o INTO (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia) e SES (Secretaria Estadual de Saúde).
Nas primeiras horas da manhã, os agentes prenderam o ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes, que exerceu a função de 2007 a 2013 durante o durante o governo de Sérgio Cabral.
Os mandados judiciais foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Outros alvos da PF são os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita.
Ao todo, cem policiais federais cumprem três mandados de prisão preventiva, 20 mandados de busca e apreensão e três mandados de condução coercitiva, no Rio de Janeiro e nas cidades de Mangaratiba (RJ) e Rio Bonito (RJ).
Realizada em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, a operação tem base na delação do ex-subsecretário de saúde Cesar Romero Viana Junior.
A Operação Fatura Exposta, executada pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, é um desdobramento das operações Calicute e Eficiência.
Em 2012, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho publicou imagens do que chamou de "Gangue dos Guardanapos", um encontro entre empresários brasileiros, secretários de Estado e o próprio Cabral em Paris. Na ocasião, eles amarraram guardanapos na cabeça e posaram para fotos.
Estavam nessa empreitada e apareceram nas fotos os secretários Sérgio Côrtes (que estava na Saúde) e Wilson Carlos (Governo), além do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta, e o próprio Cabral.
Em 2015 uma CPI (Comissão Parlamentar Invesgativa) da Alerj já investigava a contratação de oito cooperativas pela Secretaria de Estado de Saúde com dispensa de licitação. Estima-se que cerca de R$ 600 milhões foram desviados na época.
Suspeita-se que verbas do Fundo Especial da Saúde eram desviados para a Secretaria de Comunicação Social para a realização de propaganda. Segundo as investigações aproximadamente R$ 37 milhões foram desviados da SES.
Apuração
Iniciadas há cerca de 6 meses, as investigações apontam para a participação no esquema do ex-secretário estadual do Rio de Janeiro e do ex-diretor administrativo do INTO, além dos empresários do setor.
As investigações indicam que Côrtes, quando exercia a função de secretário de Saúde, teria favorecido a empresa Oscar Iskin, ligada aos empresários Iskin e Estellita em troca do pagamento de propina.
De acordo com a PF, os servidores públicos envolvidos direcionavam licitações para beneficiar empresários investigados em troca do pagamento de propina no valor de 10% dos contratos.
Ao menos 5% iam para o ex-governador Sérgio Cabral e 2%, para o próprio Côrtes. O restante seria dividido entre os outros envolvidos no esquema.
A PF informou que os detidos vão responder por crimes como corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.