PF indicia ex-governadores do DF por superfaturamento em estádio da Copa
Ex-assessor especial do presidente Temer também foi indiciado na ação
Brasil|Do R7
A PF (Polícia Federal) decidiu indiciar o ex-assessor especial do presidente Michel Temer e ex-vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Fillipelli, e os ex-governadores de Brasília Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda por envolvimento no esquema que superfaturou em R$ 559 milhões as obras do estádio Mané Garrincha, o mais caro da Copa do Mundo de 2014.
A operação Panatenaico, deflagrada pela PF no dia 23 de maio, levou à prisão Fillipelli, Agnelo, Arruda e uma série de pessoas envolvidas nos desvios do estádio da Copa. Na ocasião, Fillipelli era assessor especial de Temer, despachando no Palácio do Planalto, sendo exonerado do cargo logo em seguida. Todos os indiciados pela ação policial já estão em liberdade.
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada feita por executivos do grupo Andrade Gutierrez, empresa que fazia parte do consórcio pela obra e que confessaram o crime de corrupção. O relatório com a conclusão das apurações foi entregue à Justiça Federal nesta manhã.
Caberá agora ao Ministério Público Federal analisar o relatório e decidir se denúncia, pede o aprofundamento das investigações ou arquiva as apurações do caso.
A perícia da PF comprovou que arquivos apresentados por executivos da Andrade Gutierrez no acordo de leniência continham planilhas de referência com datas anteriores de criação do edital lançado pelo governo do Distrito Federal para reformar o estádio.
Também verificou-se nas notas fiscais apresentadas pela Andrade serviços estranhos à obra: contratação de serviços de buffet para comemorar o Dia das Mães de uma categoria de servidores públicos locais, aluguel para o camarote do jogo que marcou a despedida do atacante Neymar do Santos, em 2013, e notas relativas à logística dos shows de Beyoncé e da banda Aerosmith, realizados quatro anos atrás no estádio.
A Polícia avalia que essas descobertas podem levar, a depender da decisão do Ministério Público e da Justiça Federal, à perda dos benefícios concedidos aos executivos da empresa na delação premiada e até à anulação do acordo de leniência — este último, firmado em 2016 com o juiz Sérgio Moro, no qual a empresa se comprometeu a pagar R$ 1 bilhão.
O Mané Garrincha foi a arena mais cara da Copa do Mundo, tendo custado, ao fim, R$ 1,575 bilhão em 2014. O nome da operação faz alusão ao Stadium Panatenaico, sede de competições realizadas na Grécia Antiga anteriores aos jogos olímpicos.