PF vai apurar vazamentos pela CPI; senadores apontam intimidação
Decisão se dá após suposto vazamento de depoimento de Pazuello à PF. CPI pretende acionar STF para anular inquérito
Brasil|Do R7
A PF (Polícia Federal) anunciou nesta quarta-feira (4) que abriu investigação para apurar o possível vazamento de depoimentos de investigados em dois inquéritos sobre a vacina Covaxin, sendo um deles sobre suposta prevaricação do presidente Jair Bolsonaro. Os depoimentos são compartilhados com a CPI da Covid, que aponta na investigação de vazamento anunciada pela PF uma tentativa de intimidação.
A decisão foi comunicada pela polícia nesta quarta, quando reportagem do portal "Metrópoles" apontou que a PF enviou à CPI da Pandemia um vídeo do depoimento de Eduardo Pazuello, feito na semana passada, com cortes nas citações ao presidente Jair Bolsonaro e ao deputado Luis Miranda, denunciante de suposto esquema envolvendo a compra da vacina Covaxin.
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A PF negou que os vídeos do depoimento de Pazuello e de outras sete pessoas encaminhados à CPI tenham sido editados. "O alegado corte mencionado pela imprensa ocorreu em razão do término das perguntas pela autoridade policial. As alegações defensivas do depoente, embora não estejam gravadas, foram registradas por escrito e igualmente encaminhadas na íntegra", disse.
A PF apura suposta prevaricação do presidente Bolsonaro em relação às denúncias de irregularidade envolvendo a vacina Covaxin. A investigação foi determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), após pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A solicitação ocorreu após Luis Miranda e seu irmão Luis Ricardo Miranda, chefe da divisão de Importação no Departamento de Logística do Ministério da Saúde, apontarem pressões pela liberação da importação da vacina.
A vacina foi a mais cara entre as negociadas pelo governo, e sua compra já foi suspensa pelo Ministério da Saúde. A pasta afirma não ter havido irregularidades, mas que as outras vacinas usadas no país estão dando conta da campanha de vacinação da população.
Reação de senadores
A decisão da PF de investigar o vazamento provocou reações nesta quarta na CPI da Covid. O senador Randolfe Rodrigues fez uma comparação entre o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ministro da Justiça na Alemanha nazista, Franz Gürtner.
"A polícia manda pra cá depoimentos incompletos, depoimentos com suspeita de edição. O ministro da Justiça, que eu acho que deve se chamar Anderson Torres, e não Franz Gürtner, no alvorecer dessa comissão parlamentar de inquérito, dá uma entrevista intimidando os membros dessa CPI, dizendo qual era a investigação que deveria ocorrer, que tinha que investigar governadores dos estados. Isso equipara-se a transformar a honrosa Polícia Federal em polícia política", disse. As críticas foram endossadas pelo presidente da CPI, Omar Aziz, que afirmou que os senadores não serão intimidados.
Randolfe Rodrigues afirmou ainda que instou a advocacia do Senado a entrar no STF com um habeas corpus contra a instauração do inquérito pela PF.